Arábia Saudita vai produzir nais 200 mil barris de petróleo por dia. Secretário-Geral das Nações Unidas Ban Ki-moon foi o portador da notícia. Sauditas estão preocupados com os preços "anormalmente altos". Especuladores terão sempre a última palavra. ("Meia Hora")
.Leio esta notícia no jornal que se oferece a quem passa. A notícia em si já a tinha ouvido na rádio. A opinião que atribui aos especuladores um papel decisivo nesta guerra é muito generalizada. Mas não tem consistência, como já aqui tenho referido e citado. Os especuladores terão uma influência reduzida à sua capacidade de armazenamento que é limitada. Uma coisa diferente, sem influência directa nos preços "spot", é a especulação em fundos de investimento em empresas do sector. O "Meia Hora" recolheu, a propósito deste anúncio de aumento de produção de crude, opiniões diferentes de Eugénio Rosa, Catroga e Beleza: pode não ter uma repercussão muito grande (será pequena, será grande, não será nenhuma?), o preço do barril crescerá "um bocadinho", o petróleo vai descer muito.
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O aumento de produção anunciado rondará os 0,3%. É pouco para colmatar o crescimento que geralmente se observa no Verão. E não creio que uma redução transitória dos preços, que não será muito significativa, induza a uma redução dos stocks potenciando uma quebra muito acentuada como supõe Beleza. "Um bocadinho", talvez, como diz Catroga.
2 comments:
Especuladores?
Quem são?
Uma comanhia aérea que está hoje a comprar (a preços de hoje) o combustível que gastará no ano que ve, o que está a fazer?
A salvaguardar-se, a adiar a agonia, a atrasar a substituição dos actuais, por motores mais económicos, a racionalizar as rotas, horários e serviços, ou a fazer que virtualmente, hoje falte o que na realidade não falta?
Eu não sei.
Há, tanto quanto julgo saber, dois tipos de contratos na compra de crude: de longo prazo e "spot".
Os preços que são conhecidos são os preços "spot", aqueles que variam diariamente sobretudo em consequência da oferta e da procura. Existe especulação quando o comprador procura antecipar novas subidas e compra para além das suas necessidades, se tiver capacidade de armazenagem. Também pode fazer um contrato de futuros, que é basicamente um contrato financeiro, que geralmente reduz a volatilidade futura dos preços mas não tem incidências significativas no curto prazo. No dia a dia o preço spot estabelece-se sobretudo em função da relação oferta /procura. Neste caso, a Arábia Saudita anunciou o aumento da produção, para desempenhar o papel de estabilizador que tem realizado em situações idênticas no passado. Acontece é que quanto maior é o mercado (maior é a procura, entende-se) menor é o peso relativo destes aumentos de produção.
Daí que me pareça que não haverá uma queda acentuada dos preços como pensa Beleza.
Quanto à influência dos especuladores sugiro-lhe leia os artigos de Krugman e do Economist que transcrevi há pouco tempo aqui para o Aliás.
Também transcrevi o de Robert Reich que tem uma opinião sensivelmente diferente.
Penso que Krugman está mais próximo da realidade.
Concordo consigo que, no fim de contas, o problema do petróleo só se resolverá gastando menos.
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