Há tempos ( o assunto deste post já foi abordado aqui no Aliás há umas semanas atrás) perguntei ao meu Amigo L. Machado como governaria o PCP este país se fosse governo. Íamos ver "Rock´n and Roll" ao Teatro Aberto e nenhum de nós suspeitava da conexão da minha pergunta com o tema da peça. Dias depois, um conhecido militante do PCP, à mesma pergunta, respondia: pergunta ao Jerónimo. O meu Amigo não perguntou ao Jerónimo mas enviou-me o endereço da gravação da entrevista dada por Miguel Urbano Rodrigues à SIC Notícias com a indicação de ela corresponder à melhor resposta à minha pergunta. Apesar da boa vontade do L. Machado, depois de ter ouvido a gravação, continuo sem resposta.
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A entrevistadora começa por felicitar MTR pela sua previsão feita há quatro anos de que o petróleo iria subir para 125 dólares o barril. Ora a previsão de MUR é banal. Muita gente, dos mais diversos quadrantes, previu há muito uma escalada nos preços dos combustíveis, alguns deles de forma bem mais certeira que MUR. Um exemplo apenas: No meu post de 7 de Maio deste ano referi um livro que li há mais de um ano. Há cerca dele, comentei:
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Em Fevereiro de 2004, Stephen Leeb previu em "The Oil Factor" que outra crise petrolífera se avizinhava e os preços do crude poderiam atingir os 100 dólares/barril. Dois anos depois, em "The Coming Economic Collapse" corrigia as suas previsões admitindo que os preços do petróleo poderão atingir os 260 dólares/barril até ao fim da década. Ainda que a progressão dos preços não seja tão acentuada e se contenha na barreira dos 200 dólares os efeitos sobre a economia global serão dramáticos.
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Acerca do petróleo e da crise que ele arrasta, MUR, como não podia deixar de ser, atribui as culpas aos especuladores, os filhos naturais do capitalismo. Nada de novo, portanto. Não diz em que medida e como são responsáveis os especuladores. Limita-se a citar o que ouve à volta dele. O que faria MUR se fosse responsável por fazer alguma coisa acerca da matéria? Não disse. Presumimos, contudo, que fiel às suas convicções e à sua fé, nacionalizasse as petrolíferas que pudesse nacionalizar, e depois? Recrearia o "socialismo real" que faliu ainda há pouco tempo? Pelo que se percebe da resposta dispersa à questão colocada mais adiante pela entrevistadora (o que é o comunismo, hoje) MUR, depois de confessar o seu desencanto com a evolução do sistema na URSS, porque não contou com o povo, de exaltar as FARP e dar nota positiva ao regime cubano, MUR não tem manual de funcionamento dum sistema comunista à medida da sua utopia mas conserva o catecismo de combate aos infiéis.
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Depois do petróleo, MUR ataca a questão dos produtos alimentares, dizendo que há condições para alimentar o dobro das pessoas que neste momento constituem a população mundial, "desde que houvesse uma certa racionalidade". MUR é, como a generalidade dos políticos, e sobretudo dos mais demagogos, hábil na utilização de frases indefenidas que toda a gente desprevenida compra. Claro que se houvesse uma "certa racionalidade" (o que é isso?) o mundo seria outra loiça! Como é que isso se consegue, MUR não disse. E não disse porque nem sequer pode invocar a experiência fracassada que ele deixou de glorificar. É por demais conhecido que, faltava ainda muito tempo para a União Soviética implodir, e já a sua dependência de trigo dos EUA era a prova evidente que a "certa racionalidade" invocada por MUR tinha dado o que tinha a dar e não tinha dado grande coisa em matéria de autosuficiência alimentar.
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MUR aborda na entrevista outras questões, é certo. Mas as posições são as mesmas. O enviesamento da sua perspectiva e a calcificação do seu pensamento chega ao ponto de considerar neo-fascista o discurso e a prática política do actual primeiro-ministro. Até Manuel Alegre é acusado de não se desvincular da política neo-liberal do governo, quando a entrevistadora o interroga sobre a participação de Alegre no palco do BE.
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Depois do desmoronar da ideologia que animou o seu combate político durante décadas, de Miguel Urbano Rodrigues, com o seu passado etariamente respeitável, não poderia esperar-se já uma resposta aos desafios do mundo de hoje. Nem de MUR nem do PCP, etariamente mais novo mas intelectualmente tão calcificado como MUR.
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