Saturday, June 21, 2008

GREGOS E TROIANOS

A proposta de Bush para iniciar prospecções de petróleo em áreas que até agora têm sido resguardadas, nomeadamente na costa da Flórida e no Alasca, mereceu a adesão de McCain, que no entanto continua a ressalvar este último território, de modo a não romper todos os seus compromissos com os movimentos ambientalistas. Obama já respondeu a esta intenção da administração incumbente e ao seu opositor em Novembro acusando-os de, com esta fuga em frente, se escusarem a encarar frontalmente o problema, promovendo o investimento de substituição do crude e, deste modo, reduzir a dependência norte-americana do exterior.
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Confrontam-se nesta guerra duas posições antagónicas que, no entanto, difícilmente poderão deixar de convergir. Por um lado, segundo as sondagens, 57% dos norte-americanos estão demasiado apoquentados com os 4 dólares que pagam actualmente por cada galão de gasolina (sensivelmente metade do que pagamos na Europa) para aceitarem a continuação da suspensão das prospecções no litoral e no Alasca. Esta maioria, contudo, confronta-se com as maiorias locais que pagarão o preço ambiental da intervenção nas suas águas. Por outro lado, os resultados das prospecções que se iniciarem hoje terão efeitos a médio prazo quando a procura global de crude, se se mantiver aos ritmos actuais, tornará ainda menos significativo, em termos relativos, o impacto desses resultados.
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A resultante de todos os factores influentes não pode, portanto, deixar de passar, não pela exclusão mas pela conjugaçãao de todas as hipóteses possíveis: as prospecções vão arrancar, mais tarde ou mais cedo, mas os EUA não poderão descurar a procura de fontes energéticas alternativas. Porque: i) os volumes adicionais de crude que possam provir das novas prospecções serão sempre muito minoritários e não garantirão, de modo algum, a independência energética, ii) uma maior tributaçãao das petrolíferas não desincentivará o investimento na procura de crude e apoiará o investimento em energias alternativas.
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A preservaçãao do ambiente poderá ser garantida através de um tradeoff que tenha não só em conta os factores económicos e ambientais interligados, impondo a utilização de meios muito menos agressores do que aqueles que existiam quando a moratória sobre as prospecções foi estabelecida e depois renovada, mas ainda o atingimento de objectivos ambientais mais globais até agora descurados ou menospresados pela administração Bush.

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