É frequente afirmar-se que BCE e Fed se distinguem pela restrição das atribuições do primeiro, que se limitam à contenção da inflação, e pela maior amplitude das atribuições do segundo que deve conciliar a travagem dos preços com o crescimento económico. A crítica parecia pertinente até ao momento em que o fantasma inflacionista espreita e o crescimento desmaia. Que pode fazer nestas ocasiões a Reserva Federal dos EUA? É o que vão discutir hoje e amanhã os 12 membros da FOMC (Federal Open Market Comission), dos quais 5 são presidentes dos bancos centrais regionais. Compete à FOMC decidir a política monetária do país.
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A actual organização da Fed vem de 1913 quando o Congresso, receando a concentração do poder financeiro em Washington ou Nova Iorque, criou bancos regionais abrangendo todos os EUA. Bernanke, o actual presidente da Fed, tem por hábito ser o último a usar da palavra nas reuniões da comissão. O seu antecessor, Greenspan, falava em primeiro lugar de modo a influenciar no sentido que pretendia os votos dos restantes membros. O temperamento de Bernanke numa conjuntura caracterizada por inflação à vista e a economia débil, dá fôlego às opiniões contrárias e, nomeadamente, dos governadores regionais da Fed. Estes são eleitos pelos banqueiros e homens de negócios da região, que privilegiam normalmente a contenção da inflação.
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Quando a inflação está em crescendo ou a economia em queda, as diferenças de opinião entre os membros da comissão, quando existem, são de pormenor. Quando, porém, como na situação actual os dois males ocorrem em conjunto, as divergências emergem.
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Durante os últimos 10 meses Bernanke cortou a taxa de juro de intervenção da Fed com o objectivo claro de espevitar a economia e evitar uma depressão profunda. Mas pelo menos um membro da comissão votou contra nas últimas sete reuniões e outros dois fizeram o mesmo nas duas reuniões mais recentes. Vários membros vêm repetidamente argumentando que a inflação é uma ameaça em crescendo que tem de ser prioritariamente atacada. Richard Fisher, o presidente da Fed em Dallas, enalteceu nos primeiros dias deste mês a forma como o presidente do BCE tem travado o crescimento da inflação na União Europeia, em nítido contraste com a política de Bernanke. O descontentamento dos governadores, à excepção do presidente da Fed de Nova Iorque, alarga-se à intervenção de Bernanke no sistema financeiro ao safar o Bear Stearns, à beira da falência.
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Tudo conjugado, da reunião em curso deverá sair a notícia da não alteração da actual taxa de 2 por cento e o aviso à navegação que para a próxima poderá haver subida porque a inflação começa a ser muito preocupante.
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Razão tem Trichet. Quando chega a hora da verdade, há diferenças em quê?
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