A vizinhança de Espanha às vezes transtorna-nos a vida. É o caso do IVA. Pagam 16 por cento, aqui pagamos 20. A diferença não é coisa que devesse fazer perigar a balança comercial mas está a tornar-se um grande quebra cabeças para o governo. O presidente da Câmara de Tavira decidiu fazer como os seus conterrâneos e manda comprar gasóleo para as necessidades do município. Não faço uma pequena ideia de quantos litros se abastece de cada vez que vai ao outro lado mas, supondo, que não o faz por menos de mil (o que obriga a transporte especial e armazenagem adequada) poupará na factura qualquer coisa como 100 euros por cada milhar de litros comprados em Espanha. É dinheiro. Mas, se o engenhoso autarca contar com o combustível consumido pela viatura na ida e volta e outros consumos variáveis, só se o motorista destacado para a missão-gasóleo a Espanha, não contando com eventual ajudante, estiver desocupado ou se se tiver voluntariado em horas extraordinárias não retribuídas. Além disso tem de ter viatura excedentária para este serviço extra. Se contratar o serviço não deve ganhar para o petróleo. Em conclusão: parece que o negócio só faz sentido se a câmara tiver motoristas a mais ou dedicados à causa de tramar o governo.
Porque o governo, se reduz o IVA para o nível espanhol, que está no limite mínimo da União Europeia, terá de reduzir outra coisa qualquer ou aumentar outro imposto. O que é um problema bicudo apesar de haver quem pense que a redução de impostos é o melhor caminho para animar a economia e, por essa via, resolver a encrenca. Um caminho demasiado bom para ser verdadeiro, se fosse fácil não lhe faltariam frequentadores.
Mais cedo ou mais tarde, porque o problema existe, apesar do empolamento psicológico que estas coisas sempre desencadeiam, alguma solução terá de ser descortinada. Que não passa, lamentavelmente, pela contenção da subida dos preços dos combustíveis, que tem outras causas mas poderá passar pela redução das margens das petrolíferas distribuidoras em Portugal.
Apesar da complacência do relatório da AdC, é inegável que os lucros da Galp nunca foram tão elevados como nos tempos de crise que atravessamos. E não há negócio que possa perdurar por muito tempo quando um dos parceiros engorda à custa do definhamento do outro.
1 comment:
Não é só por cá que os autarcas tomam decisões destas.
Em Barcelona manda-se vir, em barcos, água para consumo de França.
Essa água leva 16 horas a chegar do barco às torneiras e é consumida em minutos.
Barcelona ya ha consumido los 19 millones de litros de agua que llegaron ayer en barco
Mañana arribará de Marsella el segundo buque
EFE - Barcelona - 14/05/2008
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Diecisiete horas para descargar
Solo la descarga del agua ha durado unas diecisiete horas, a lo que hay que sumar las cerca de ocho horas que el líquido tarda en recorrer los trece kilómetros que separan el puerto de los depósitos de Aguas de Barcelona (Barcelona) de Cornellà de Llobregat (Barcelona), desde donde se ha distribuido a la red de suministro.
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No ha sido, pues, hasta esta mañana, cuando el agua procedente de los pozos de Tarragona ha llegado a los grifos de los barceloneses, que la han consumido en sólo unos minutos.
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http://www.elpais.com/articulo/espana/Barcelona/ha/consumido/millones/litros/agua/llegaron/ayer/barco/elpepuespcat/20080514elpepunac_14/Tes
Desesperos....
Tinha razão nas contas, os meus neurónios já não fazem contas nem conversões como deve ser. De qualquer maneira, continuo a acentuar que o problema populacional só é uma questão de "arrumação" quando verificamos a concentração excessiva nas zonas urbanas e, sobretudo, uma produção e distribuição de recursos que evite conflitos.
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