Tuesday, December 05, 2023

A CONSPIRAÇÃO CONTRA A EUROPA*

B.,

Leio o teu comentário (sobre o artigo do The Economist - Putin seems to be winning the war in Ukraine—for now His biggest asset is Europe’s lack of strategic vision - de 30 de Novembro) e a minha primeira intenção foi não comentar porque, pela minha perspectiva, vejo que temos opiniões contrárias sobre o assunto em questão e de nada podem valer os meus débeis conhecimentos contra os teus, certamente muito bem fundamentados, argumentos.
 
Facilmente admitirei que não tenho como avaliar se na Ucrânia de hoje o despotismo e a corrupção imperam e a democracia é uma ideia peregrina. Tenho lido e ouvido, se tenho ainda capacidade suficiente para ler e ouvir razoavelmente, que a União Europeia tem observado a evolução da Ucrânia no sentido da democracia, afastando, se não todos, pelo menos grande parte dos oligarcas e introduzido controlos de redução da corrupção.

Consideras que não é a melhor ideia para garantir a segurança e o bem estar dos povos envolverem-se, e, com esse envolvimento, empobreceram os povos de países completamente alheios a uma disputa entre duas cleptocracias, porque a fronteira leste ideal para a União Europeia tem muito que se lhe diga. E que em vez da perpetuação de uma guerra o importante será negociar uma paz numa base realista.

Pois será. E até já sabemos quem se propõe cessar a guerra numa semana e obter um acordo de paz no dia seguinte.
É Trump.
É muito evidente que se Trump ganhar, em grande medida com esse argumento, as presidenciais de Novembro do próximo ano, o Boeing presidencial voará poucos dias depois para Moscovo para entregar a Ucrânia a Putin. E a fronteira ideal da União Europeia será desenhada nesse momento histórico.
Mas não será um desenho a traço cheio, será antes, um esboço, uma mancha de geometria variável à disposição de Putin que, ele o disse, pretende recuperar o sonho de uma União Soviética com a bênção de Cirilo I.

Não estamos, está visto que não estamos do mesmo lado de uma fronteira ideal da União Europeia.
O que me causa estranheza é ver-te desse lado onde se perfilam ao lado de Putin, a srª. Marine Le Pen (muito provavelmente próxima presidente dos franceses), da srª. Giorgia Meloni, (primeira-ministra dos italianos)  do Sr. Viktor Orbán (primeiro-ministro dos húngaros), além de outros personagens que saltarão para esse lado logo que Trump chegar lá. De cá, o sr. Paulo Raimundo já lá está e o sr. André Ventura vai a caminho.

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* De Philip Roth foi publicado em 2004 - The Plot Against America - uma ficção retrospectiva de uma hipótese que não tinha acontecido: se nas eleições presidenciais norte-americanas de 1940 (em plena Segunda Guerra Mundial) Roosevelt tivesse perdido para Charles Lindbergh, um piloto de aviação famoso que em 1927 tinha feito, pela primeira vez, um voo sem escala entre Nova Iorque e Paris, que rumo teria levado o mundo? Lindbergh , que nem concorreu, era simpatizante do nazismo. Philip Roth quis neste livro evidenciar aos norte-americanos o perigo de os destinos do país serem alguma vez entregues a um conspirador contra o seu próprio país.

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Putin seems to be winning the war in Ukraine—for now

His biggest asset is Europe’s lack of strategic vision - c/p The Economist

 

image: Agnew/Getty Images/Eyevine

FOR THE first time since Vladimir Putin invaded Ukraine on February 24th 2022, he looks as if he could win. Russia’s president has put his country on a war footing and strengthened his grip on power. He has procured military supplies abroad and is helping turn the global south against America. Crucially, he is undermining the conviction in the West that Ukraine can—and must—emerge from the war as a thriving European democracy.

The West could do a lot more to frustrate Mr Putin. If it chose, it could deploy industrial and financial resources that dwarf Russia’s. However, fatalism, complacency and a shocking lack of strategic vision are getting in the way, especially in Europe. For its own sake as well as Ukraine’s, the West urgently needs to shake off its lethargy.

The reason a Putin victory is possible is that winning is about endurance rather than capturing territory. Neither army is in a position to drive out the other from the land they currently control. Ukraine’s counter-offensive has stalled. Russia is losing over 900 men a day in the battle to take Avdiivka, a city in the Donbas region. This is a defenders’ war, and it could last many years.

However, the battlefield shapes politics. Momentum affects morale. If Ukraine retreats, dissent in Kyiv will grow louder. So will voices in the West saying that sending Ukraine money and weapons is a waste. In 2024 at least, Russia will be in a stronger position to fight, because it will have more drones and artillery shells, because its army has developed successful electronic-warfare tactics against some Ukrainian weapons and because Mr Putin will tolerate horrific casualties among his own men.

Increasing foreign support partly explains Russia’s edge on the battlefield. Mr Putin has obtained drones from Iran and shells from North Korea. He has worked to convince much of the global south that it has no great stake in what happens to Ukraine. Turkey and Kazakhstan have become channels for goods that feed the Russian war machine. A Western scheme to limit Russian oil revenues by capping the price for its crude at $60 a barrel has failed because a parallel trading structure has emerged beyond the reach of the West. The price of Urals crude from Russia is $64, up nearly 10% since the start of 2023.

Mr Putin is also winning because he has strengthened his position at home. He now tells Russians, absurdly, that they are locked in a struggle for survival against the West. Ordinary Russians may not like the war, but they have become used to it. The elite have tightened their grip on the economy and are making plenty of money. Mr Putin can afford to pay a lifetime’s wages to the families of those who fight and die.

Faced with all this, no wonder the mood in Kyiv is darker. Politics has returned, as people jostle for influence. Volodymyr Zelensky, Ukraine’s president, and Valery Zaluzhny, its most senior general, have fallen out. Internal polling suggests that corruption scandals and worries about Ukraine’s future have dented Mr Zelensky’s standing with voters.

 

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