Tuesday, August 04, 2015

NA PISTA DA CUSTÓDIA ESCONDIDA

Senhora Conservadora das Colecções de Ourivesaria e Joalharia do
Museu Nacional de Arte Antiga 

Foi muita a gentileza da sua parte responder* às dúvidas que coloquei acerca do posicionamento da "Custódia de Belém" num espaço diferente daquele que, pelo menos aparentemente, foi criado para realçar todo o esplendor, da, vd. aqui, "mais célebre obra da ourivesaria portuguesa, pelo seu mérito artístico e pelo seu significado histórico".

Já lhe confessei, senhora Conservadora, o meu muito elevado grau de ignorância também em matéria de ciências museológicas. 
Mas a ignorância propende para o atrevimento, e eu estou certo que, durante a sua vida profissional, por mais jovem que seja, já se deparou  inúmeras vezes com a impertinência desta regra. 

Peço-lhe, portanto, que me releve a ocorrência de, após ter lido e interpretado a sua resposta, me ter interrogado acerca da pertinência de uma eventual decisão do competente Conservador das estátuas da cidade de Lisboa colocar no pedestal do Largo Camões o senhor António Ribeiro Chiado com o seu banco e o senhor Luís Vaz de Camões no Largo do Chiado com os seus louros.

Cmpts

Rui Fonseca

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Exmo. Sr. Rui Fonseca

Recebemos com muito orgulho e alegria o seu comentário* relativamente à Custódia de Belém e ao espaço que dedicámos ao projeto da sua recuperação. Ficámos muito satisfeitos por terem gostado tanto.

Relativamente à píxide que se encontra exposta nesse espaço. Infelizmente, e é uma situação recorrente, a peça que ali costuma estar exposta, temporariamente, visto ser um local de rotatividade para peças que não têm, de facto, espaço na exposição de ourivesaria, como eu dizia, costuma ter um suporte com um texto explicativo e contextualizado da mesma. Infelizmente ou, se calhar, felizmente, esse texto é frequentemente “levado” por visitantes que, calculamos, tenham vontade de levar consigo alguma informação para casa.

Lamento os vigilantes não o terem podido esclarecer.

Acontece que, às vezes não conseguimos detetar a tempo o desaparecimento da folha e proceder a uma rápida reposição. Pelo facto, apresento as nossas desculpas e aproveito, desde já, para lhe dizer que optei, como conservadora da coleção, de expor a referida píxide visto ser um exemplar magnifico de ourivesaria do século XVII que só recentemente, devido à nossa investigação para a exposição Thesaurus da Sala do Tecto Pintado, conseguimos saber que provem do Mosteiro de Alcobaça e foi oferta de D. João V.

Esperamos que em breve regresse ao museu e lá encontrará, provavelmente, uma nova peça pois pretendo proceder à rotação em setembro e, agora, com as devidas explicações.

Uma vez mais, agradecemos os seus comentários e, claro, a sua visita.

Cmpts
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*Vd.  aqui
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Exmo. Sr. Rui Fonseca

Relativamente à colocação das estátuas que refere, como deve calcular, tal assunto não é da minha competência pelo que desconheço o critério que terá presidido à decisão do responsável.

Percebi que, apesar das minhas explicações, não referi que a Custódia de Belém nunca poderia ser exposta no local onde se encontra a pequena mostra sobre o restauro da mesma visto não esse espaço não se encontrar em espaço de acrescida segurança. Tal como é toda a exposição permanente de ourivesaria. A exposição fotográfica foi ali colocada de forma a ser possível estar relativamente perto da Custódia bem como aproveitar um espaço que, já na altura, não tinha uma finalidade especifica.

Agradeço os seus comentários
Os meus melhores cumprimentos

Luísa Penalva
Colecções de Ourivesaria e Joalharia | Gold, Silver and Jewellery Collections
Conservadora | Curator




2 comments:

Bartolomeu said...

Salvo as devidas proporções e respectivo peso, o último parágrafo da resposta à missiva enviada pela Senhora Conservadora do MNAA está primoroso.
Bem digo eu, no fim das contas, è sobre a Custódia que recairão responsabilidades.
Será que aos vigilantes do museu já foi lida a cartilha? E a obrigatoriedade de escrever 1.000 vezes: rotatatividade, rotatatividade, rotatatividade, rotatatividade. ;)

Rui Fonseca said...


Pois é.
O importante é mesmo a rotatividade. Ás vezes, porém tarda mais do que devia.
Entretanto, a senhora Conservadora respondeu prontamente à minha mensagem nos termos que pode ver transcritos, anexos ao meu apontamento.

Donde se confirma que os meus conhecimentos de museologia são mais que escassos.
E os de finanças ainda mais que mais que escassos como pode comprovar no meu apontamento de hoje.