Wednesday, November 07, 2012

TRÊS QUADROS PARA UM CENÁRIO NEGRO

BCP teve 796,3 milhões de euros de prejuízos nos primeiros nove meses do ano , em consequência de imparidades no crédito concedido e do banco na Grécia. O BCP foi, recentemente capitalizado com 3,5 mil milhões de euros, dos quais 500 mil por aumento do capital subscrito pelos accionistas e 3 mil milhões emprestados com mediação do Estado português no âmbito do memorando de ajuda externa assinado pelo anterior governo com a troica e subscrito pelos partidos que suportam o actual governo.
Do Plano de Recapitalização consta o objectivo de reembolso integral dos 3 mil milhões emprestados até ao fim de 2016. A pgs. 149 consta que "O Banco estima a necessidade de constituir uma provisão de natureza não recorrente em junho de 2012, no montante de 450 milhões de euros, relacionada nomeadamente com a  esperada necessidade de reforçar o provisionamento para a subsidiária na Grécia, devido à deterioração gradual da situação económica e financeira local". Parece poder concluir-se daqui que a previsão de uma provisão de 450 milhões, estimada em Junho, antes do prazo de subscrição do aumento de capital, foi considerada manifestamente muito insuficiente três meses depois.

A Caixa Geral de Depósitos revelou ontem (refer. aqui) 130 milhões de prejuízos, também nos nove primeiros meses do ano, em consequência de imparidades superiores a mil milhões de euros. Foi recapitalizada 1m 1650 milhões de euros, dos quais 750 milhões a título de aumento de capital e 900 milhões a reembolsar sabe-se lá quando.

"Durante os próximos dez meses, Portugal tem a pagar aproximadamente 2 mil milhões de dívidas por mês. Até Setembro de 2013, com o que se vai pedindo emprestado nos mercados mais o que a troica prometeu emprestar, a coisa vai chegando. Depois, logo em Setembro, vencem-se 6 mil milhões, e precisamos de mais dinheiro da troica. Em 2014, contudo, começam a vencer-se os grandes montantes, para além dos correntes 2 mil milhões por mês: quase 14 mil milhões em 2014, 15 mil milhões em 2015, 20 mil milhões em 2016, e por aí fora ..." (João Duque/Expresso Economia).

Três quadros de um acervo mais extenso, todo no mesmo tom.
Quem é que pretende convencer quem que o cenário mudará de cor apenas com o passar do tempo?  

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