Monday, September 03, 2007

O VALOR DA JUSTIÇA

J M Ferreira de Almeida ironiza com os números apontados por Mira Amaral para a quantificação do efeito melhor Justiça sobre o crescimento económico. Esta é uma reacção recorrente dos mais ou menos envolvidos nas quantificações pondo em causa a consistência dos valores adiantados. Não contestam o método, nem o reclamam, nem adiantam outros resultados. Na dúvida, ridicularizam. O que, diga-se de passagem, geralmente resulta. Tenho opinião diferente:
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Ao economista compete compreender os fenómenos (acções, factos) económicos e sociais, quantificando causas e consequências. Não lhe sendo possível fazê-lo da forma experimental a que recorrem as chamadas ciências exactas,tenta descortinar tendências através de modelos mais ou menos complexos.
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É fácil perceber que um dos factores de repulsão do investimento é a lentidão da Justiça e, consequentemente, a propensão para o não estrito cumprimento dos contratos. Todos sabemos que é assim, avaliações feitas com resultados publicados demonstram que este é, geralmente, um dos aspectos considerados mais negativos das externalidades do investimento em Portugal. Muito mais do que a tributação fiscal.
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Sendo assim, o economista, tenta quantificar o efeito desta condicionante.Não sei como é que Mira Amaral chegou aos números que divulgou nem quais os métodos utilizados.
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Admita-se que estejam errados, mas é uma má admissão. Só há uma forma correcta de contrapor: pôr em causa o método ou apresentar outros resultados de forma que possam ser escrutinados.
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Os portugueses, em geral, fogem dos números como o Diabo da cruz.São incómodos. Talvez seja esta atitude uma das razões do elevado grau da nossa irresponsabilidade colectiva.
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No caso da Justiça, tenho para mim, por verificação empírica durante muitos anos, que é demasiado elevada.

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