Friday, August 24, 2007

ACERCA DA PAZ E DA FAMÍLIA

Atin Basu em Economics Colony publicou mais um "post" Economic Institutions and Economy voltado para as questões da convivência global que o mercado livre pressupõe, liberta de quaisquer restrições que possam infectar seriamente as possibilidades dela se realizar. Ora uma das ameaças mais sérias à boa vizinhança dos habitantes da aldeia global é o racismo, e este vai buscar, inquestionavelmente as suas raízes ao núcleo social mais elementar que é família. Está a família em perigo por imposição da vizinhança global? Se estiver, estará por outras razões. A convivência global não pressupõe a destruição do núcleo fundamental da colectividade, pelo contrário, deve continuar o seu mais importante elemento agregador se, em conjunto com ele, for desenvolvido outro que é o seu polo oposto: a solidariedade global.
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Também esta semana publicou o A Arte da Fuga um "post" titulado Socialismo Reprodutivo transcrevendo um artigo de crítica à política do governo sueco de apoio à fertilidade. Ontem, o A Arte da Fuga retranscrevia um vídeo YouTube Simple Song of Freedom de intenções pacifistas.
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Comentei:
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Ouço esta canção, vejo este vídeo, e lembro-me do seu "post" "Socialismo reprodutivo" e, por outro lado, de um outro de um amigo meu, Atin Basu, http://economicolony.blogspot.com/, e do último "post" dele (não tem muitos) "Economic Institutions and Family", e pressinto que perpassa por eles um fio condutor que, como qualquer outro da sua espécie, tem um sentido positivo, outro negativo, frequentemente um neutro.
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Os apelos à paz são cada vez mais prementes porque a contracção do mundo aumenta as probabilidades de choque. De civilizações, segundo alguns. De interesses de grupos, de clans, de famílias em última instância. Frequentemente acobertados por pendões religiosos.
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Há para todo este caldeirão de motivações, interesses, convicções, fezes, que é o mundo em ebulição, um elemento que a mim me parece ser o único capaz de lançar água na fervura e evitar o pior, a guerra global: a democracia.
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Lamentavelmente, muitos daqueles que saem às ruas empunhando cartazes reclamando a paz, não sabe, porque não lhes deixam saber, o que é a democracia.
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Mas muitos daqueles que sabem, porque, felizmente para eles, vivem nela, frequentemente abusam das suas vulnerabilidades ou acusam-na de ditadura de maioria se não convém aos seus interesses ou posições ideológicas particulares.
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E, no entanto, está ainda por descobrir que outra forma de convivência poderá dirimir os conflitos de interesses colectivos, quaisquer que sejam os seus alicerces.De modo que os apelos à paz serão sempre estéreis se não forem semeados em campos de democracia.
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A convivência global implica a mudança de atitudes que se incrustaram ao longo dos milénios, inicialmente a partir do núcleo grupal mais elementar: a família. O racismo, o perigo maior da humanidade em crescendo de globalização, teve o seu início ali. É a globalização que, inevitavelmente, levará à sua extirpação ou à sua recrudescência. A sorte da paz depende do lado para onde os homens conduzirem as suas relações com os seus vizinhos. Foi sempre assim. Mas nunca foi, como agora, tão global a vizinhança.
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Mas, se a uma família uma comunidade entender conceder ajudas que lhes permitam ter filhos, seria racismo (a contrario senso) proibi-la ou criticá-la por o fazer. Ou não?

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