Tuesday, July 06, 2010

O MAIS PODEROSO

As opiniões abalizadas sobre a utilização pelo Governo da golden share na PT divergem totalmente.
Lendo umas e outras, percebo a decisão do PM.
Primeiro, porque a Telefónica se comportou como se o governo português não existisse, desvalorizando totalmente um poder que ele detem, e que, ainda que eventualmente contestável, poderia exercer, e declarou poder vir a exercer.

Segundo, tentou contornar a falta de uma maioria na AG fazendo anunciar transacções de parte das suas acções na PT com parceiros que, também eles, demonstraram pouca lisura ao aceitarem serem coniventes num processo descaradamente simulado.

Terceiro, denunciado o logro e rejeitada pela CMVM a possibilidade do seu aprovitamento em AG, a Telefónica conseguiu, não se sabe inteiramente como, convencer o BES e a Ongoing a votarem favoravelmente a venda da Vivo. 

Nem a Telefónica, nem o BES nem a Ongoing se dignaram falar com o PM.
Procedendo como procederam era difícil arranjar melhor enquadramento para a decisão deste chefe do governo português.
Até porque, ainda não há muito tempo, umas quantas luminárias tinham classificado para o Expresso o presidente do BES mais poderoso que o PM.   

Aliás, pense-se no que teria sido dito, em grande parte pelos mesmos que criticaram a decisão do PM, se este não tivesse utilizado a golden share. Cair-lhe-ia meio mundo em cima por ter ignorado um poder, que ainda que contestável, existe. E, pior que isso, confirmar-se-ia que o BES era o banco do regime e Ricardo Salgado o mais poderoso.
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