António Mexia, presidente da EDP, em entrevista do Expresso/Pública de Sábado passado, respondia à pergunta se gostaria de voltar à política afirmando que " Há um lugar que gostaria: ser presidente da Câmara Municipal de Lisboa. É das maiores empresas portuguesas."
A presidência da Câmara Municipal de Lisboa é um lugar prestigiante, lamentavelmente pouco prestigiado por quem ocupou o cargo nas últimas décadas. António Mexia seria, provavelmente, o presidente de que Lisboa precisa e merece. Não creio, contudo, que venha a ser eleito se decidir sofrer pelo cargo (a expressão é do próprio António Mexia) sem se envolver empenhadamente na política.
Não têm empresários e gestores privados qualquer handicap para a eleição de cargos públicos* mas essa eleição pressupõe um envolvimento político que geralmente eles não aceitam correr. Em Portugal, acontecem nomeações de gestores privados, não comprometidos politicamente, para cargos ministeriais, impropriamente designados independentes (independentes de quê? não se sabe) mas os titulares de gestão municipal são sempre eleitos.
A eleição pressupõe o incómodo, e o sofrimento de que fala Mexia, constituindo uma barreira que quase nenhum empresário ou gestor privado se tenta a ultrapassar a menos que o município tenha uma dimensão pequena e o caciquismo local proporcione a garantia de sucesso. A presidência de Lisboa e as de todos os municípios de grande dimensão não são atingíveis senão por eleição, salvo os casos de substituição transitória do cargo por impedimento do titular.
Lisboa parece condenada à falta de capacidade bastante para a reabilitar e fazer das suas características naturais o que ela pode ser: uma cidade europeia altamente competitiva na atracção de residentes e visitantes.
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* Mas da promiscuidade entre a gestão de interesses privados e públicos resulta, regra geral, prejuízo destes.
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* Mas da promiscuidade entre a gestão de interesses privados e públicos resulta, regra geral, prejuízo destes.
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