Monday, July 19, 2010

E, SE FIZESSEM UMAS CONTAS?*

Ouço na Antena Um o Presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática considerar um crime a utilização de máquinas de calcular nas aulas do ensino básico. Nos outros graus de ensino também é condenável, acrescenta Miguel Abreu, mas nas aulas de ensino básico é um crime.

Ouvido, a propósito do mesmo assunto, e pela mesma rádio, o Presidente da Associação dos Professores de Ensino da Matemática considerou um disparate querer retirar das aulas uma ferramenta que veio para ficar.   

O que para um é um crime, para outro querer acabar com o crime é um disparate.

Ouve-se, frequentemente, e seguramente com razão, que os inquilinos do Ministério da Educação entretêm-se com experiências pedagógicas sucessivas, as metodologias impostas pelo Ministério aos professores um chorrilho de absurdos que têm vindo a progressivamente a degradar a qualidade do ensino, e os resultados estão á vista: os alunos chegam ao ensino superior ou á vida profissional sem saberem expressar-se convenientemente e a fazerem contas pelos dedos. 

Ouvidos o Presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática e o Presidente da Associação dos Professores de Matemática ficamos com sérias dúvidas que as culpas do desastre educativo nacional caibam todas ao Ministério. Pois se os dirigentes da classe dos matemáticos não se entende minimamente acerca dos benefícios, e dos malefícios, da utilização das máquinas de calcular nas aulas, quem é que pode entender-se acerca de tudo o resto que é muito mais complicado?

Matemática é sinónimo de rigor extremo. É assim tão difícil à Sociedade Portuguesa de Matemática e à Associação de Professores de Matemática porem-se de acordo acerca da metodologia que possa quantificar os efeitos positivos e negativos do uso das calculadoras sobre a qualidade do ensino da matemática? E realizarem um estudo com base nessa metotologia?

E deixarem-se de conjecturas.  
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*Texto enviado à Sociedade Portuguesa de Matemática e à Associação de Professores de Matemática

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