Thursday, May 14, 2009

ANTENA ABERTA

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"Antena aberta" é um programa das onze ao meio dia na Antena 1 que escuto ocasionalmente se estou na marcha das viaturas. Hoje, o tema centrava-se no pedido de naturalização portuguesa do turco que tentou assassinar João Paulo II, em Fátima. O indivíduo, que se bem percebi ainda cumpre o resto da pena de prisão a que foi condenado, e foi perdoado pelo Papa que ele tinha tentado matar, para além de querer ser português, quer ser católico e baptizado na Praça de São Pedro, em Roma. Não o faz por menos. O realizador do programa matinal da estação do Estado entendeu dar a palavra aos portugueses através da Antena Aberta a propósito deste escaldante assunto do dia.
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Não ouvi muitos testemunhos, até porque a capacidade de expressão dos portugueses não é notável em geral, e se lhes dão trela estendem-se a perder de vista. Uma intervenção, contudo, se destacou das demais. O interveniente declarou desde logo que não se iria pronunciar sobre a pergunta porque a naturalização é uma questão de leis e o baptismo um assunto da Igreja. Mas tinha uma questão colateral a levantar a propósito da pergunta do dia: "O turco, ao que parece, actuou por intervenção de um desígnio superior, augurado no Terceiro Segredo, que deste modo ficou desvendado. Aconteceu o mesmo com Judas. Assim sendo, o homem não devia ter sido preso. Não sei se me estão a perceber."
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O que é que isto tem a ver com a transcrição que fiz de um texto de Pedro Lains a propósito do livro de Vitor Bento "Perceber a crise para encontrar o caminho"?
Palpites há muitos, mas os caminhos viáveis escasseiam. Ou não existem de todo. Se a Antena 1 se lembrasse um dia destes de perguntar aos seus ouvintes que caminho recomendariam para sair da crise, milhares deles, como é costume, tentariam desesperadamente a sorte de se fazerem ouvir aos microfones da "Antena aberta" para dar uma solução salvadora.
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Há uma infinidade de caminhos, pois há, mas para onde?

9 comments:

aix said...

Os portugueses são pródigos em soluções ou, melhor,na arte do "desenrascanço" por esta ou aquela via.Se o programa se destinava a saber o que se deve fazer ao da tentativa de homicídio houve sugestões para todos os gostos. Apreciei sobretudo aquela de o entregar ao PS e fazer dele um deputado.Resultado final do programa:para cada um sua verdade.O mesmo será com a crise: para cada um a sua.

A Chata said...

Quem me dera um Hari Seldon, o psico-historiador da saga de Asimov.

"Psycho-history dealt not with man, but with man-masses. It was the science of mobs; mobs in their billions. It could forecast reactions to stimuli with something of the accuracy that a lesser science could bring to the forecast of a rebound of a billiard ball. The reaction of one man could be forecast by no known mathematics; the reaction of a billion is something else again."

A Chata said...

Partos dificeis

Governo reconhece gravidade da recessão prevendo queda de 3,4 por cento do PIB
15.05.2009 - 11h27
Por Rosa Soares, Sérgio Aníbal
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O FMI prevê uma contracção de 4,1 por cento e a Comissão Europeia de 3,7 por cento.

O Governo reconhece, assim, a gravidade da recessão, em linha com os dados divulgados hoje pelo Eurostat e pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que avançam que a aconomia portuguesa regrediu 3,7 por cento no primeiro trimestre de 2009, face a igual período do ano passado, naquele que é o pior resultado desde pelo menos 1977.
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http://economia.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1380837&idCanal=57

Contracções, contracções...

Até quando durará o efeito da epidural?

António said...

Boa noite.
Todos sabemos que o grande problema da economia são os bancos.
Por diversas vezes, em diversas épocas e em diversos cenários e países se tentou acabar com essa praga.Mais os donos.
Mas como praga, voltam sempre.
Ora leia lá isto:

Numa pequena vila e estância de veraneio na costa sul da França chove e nada de especial acontece. A crise sente-se. Toda a gente deve a toda a gente, carregada de dívidas.

Subitamente, um rico turista russo entra no foyer do pequeno hotel local. Pede um quarto e coloca uma nota de 100 € sobre o balcão, pede uma chave de quarto e sobe ao 3º andar para inspeccionar o quarto que lhe indicaram, na condição de desistir se lhe não agradar.

O dono do hotel pega na nota de 100 € e corre ao fornecedor de carne a quem deve 100 €, o talhante pega no dinheiro e corre ao fornecedor de leites a pagar 100 € que devia há algum tempo, este por sua vez corre ao criador de gado que lhe vendera a carne e este por sua vez corre a entregar os 100 € a uma prostituta que lhe cedera serviços a crédito. Esta recebe os 100 € e corre ao hotel a quem devia 100 pela utilização casual de quartos hora para atender clientes.

Neste momento o russo rico desce à recepção e informa o dono do hotel que o quarto proposto não lhe agrada, pretende desistir e pede a devolução dos 100 €. Recebe o dinheiro e sai.

Não houve neste movimento de dinheiro qualquer lucro ou valor acrescido. Contudo, todos liquidaram as suas dívidas e estes elementos da pequena vila costeira encaram agora com optimismo o futuro.

Agora, o meu Amigo Rui, meta um banco no meio disto tudo.
Comissão aqui, custo dos cheques acolá, imposto de selo, mais comissão de manutenção da conta e zás!
Adeus dinheiro, desaparece do mercado entrando para o bolso do banqueiro.
Com dinheiro vivo, ninguém precisa de bancos.
Parece brincadeira, não parece?
Mas não se esqueça que o ladrão é pura invenção do banqueiro, que o vai roubar a si.Com taxas e obrigações que não quer, não pediu e nem sonhava que existissem.
Receba em dinheiro, pague a dinheiro, guarde o que sobra e deixe-se desses snobismos de cartões e de cheques.
Para não correr riscos de perder as economias, gaste!
Faça girar a roda da economia!

Com as gripes é igual.
Não se vendem vacinas?
Crie-se uma epidemia.
Se não se conseguir, crie-se, ao menos, o medo dela.

Há muito, mas muito mais mortes por varíola, febre amarela, tifo, tuberculose, acidentes rodoviários, fome, assassinatos, acidentes de trabalho, de repente, e não sei de que foi, do que por gripes, venham elas das galinhas, dos porcos ou das vacas.

Boa noite outra vez e bom fim de semana.
Cuide-se, agasalhe-se, ponha papeis debaixo do colchão.

Rui Fonseca said...

Caro Francisco!

Uma madeirense acha que ele poderia ser santificado!

Rui Fonseca said...

"The reaction of one man could be forecast by no known mathematics; the reaction of a billion is something else again."

De onde conclui que a resultante do grupo se afasta muito da soma das partes.

Todos sabemos que é assim mas, como dizia o poeta, há pouca gente a dar por isso.

Rui Fonseca said...

"Contracções, contracções...

Até quando durará o efeito da epidural?"

Bem observado!

Rui Fonseca said...
This comment has been removed by the author.
Rui Fonseca said...

António,

Bem observado!