Wednesday, July 04, 2007

O VENTO E A POPA

Tavares Moreira escreve em Quarta República sobre a recuperação económica alemã e, a propósito, cita as propostas de Miguel Frasquilho e Pinho Cardão ( que as torna extensivas a Tavares Moreira) de redução dos impostos para o aumento da competitividade fiscal.
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Comentei:
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Peço-vos muita desculpa por tanta impertinência da minha parte, mas acreditem que o meu interesse é aprender alguma coisa. Daí questionar-me com o que leio e maçar-vos com algumas perguntas.
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Diz o nosso Amigo Tavares Moreira que "este resultado (na Alemanha) é (...) e de um forte controlo da despesa pública".
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Quem pode discordar? Ninguém, no seu perfeito juízo, suponho eu.Tenho é as maiores dúvidas que a política consequente para atingir aquele objectivo seja o anúncio da redução dos impostos. Barroso anunciou a baixa, Sócrates anunciou o não aumento. Ambos faltaram ao compromisso.
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Uma política consequente de redução da despesa pública implica a adopção de medidas impopulares. Foi a propósito delas que falei há dias em consenso e caíram-me em cima o Carmo e a Trindade. Houve quem comparasse a minha sugestão a uma ideia-tipo de União Nacional.
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Agora mesmo, no comentário que antecede, Pinho Cardão (como vês Pinho Cardão estou muito atento a tudo o que dizes) escreve "Em tempo de crise política e económica,(Merkel) foi capaz de gerar os consensos para um governo de democratas cristãos e de sociais democratas e de definir as medidas para sair da crise. O resultado está à vista."Em que ficamos?
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Claro que para conter a despesa é preciso controlar e ninguém gosta de ser controlado. Noutro "post" de hoje, Susana Toscano, indigna-se a propósito da ADSE. E eu indigno-me com a ADSE.
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Lá está: Estamos todos de acordo com as medidas populares (cortar nos impostos), entramos em desacordo quanto aos outros cortes que eles implicam.
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E eu indigno-me com a ADSE porque ele representa um sistema privilegiado pago com os impostos que eu também pago. Por que é que os funcionários públicos podem escolher o médico, (além de outras vantagens) e eu não posso? Posso, e escolho, mas pago do meu bolso.Como é que o Pinho Cardão quer baixar os impostos sem acabar com isto e muito mais?
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Aliás, M Frasquilho e P Cardão presumo que discordam quanto à importância relativa dos custos de pessoal na despesa pública: M Frasquilho entende que é excessiva, e deve ser reduzida contraindo dívida; P Cardão diz que há coisas mais relevantes a cortar. Mas não na ADSE. Então onde?
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Meu caro Pinho Cardão: os custos de pessoal estão sempre em correlação estreita com muito outros custos. Quando se reduzem os custos com pessoal (o número de efectivos, entenda-se) reduzem-se, automaticamente, muitos outros. Sabes isto perfeitamente, não duvido.
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O nó górdio está aí: Como reduzir os efectivos ao serviço do Estado, reduzindo a despesa e aumentando a eficiência jogando apenas o jogo de cintura partidário?
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Desculpem a extensão destes arrazoados mas, como dizia o outro, não tenho tido tempo de os fazer mais curtos.

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