Friday, July 27, 2007

EMPRESÁRIOS À FORÇA

Faz-nos falta Moliére para uma rábula acerca da forma como se tornaram empresários, em Portugal, muitos daqueles que os académicos, os comentadores, os sindicalistas, e muitos outros que não são empresários, acusam de não ter formação adequada e são, portanto, segundo eles, os grandes causadores dos atrasos do país.
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Ontem o Jumento atribuia à falta de conhecimentos de História dos empresários que lhes permitissem retirar lições de bem gerir os recursos humanos das empresas uma das causas do nosso insucesso relativo.
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Comentei:
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O seu "post" de hoje recorda-me um programa com a Maria João Seixas, o Vicente Jorge Silva e a Gabriela Canavilhas, há uns meses, na Antena 2, e que comentei no meu blog. Às tantas discorriam todos acerca da (falta) de qualidade dos nossos empresários e a MJS disse que faltavam filósofos nos nossos Conselhos de Administração. Talvez seja verdade.
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V. acha que deveriam os empresários saber História. O que talvez também seja verdade.
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O que me admira é que nem filósofos nem historiadores se disponham a ser empresários na nossa terra.E V. por que espera?
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A um velho e cansado hortelão apareceu um dia um homem novo a dar lições de bem cultivar alfaces. O velho ouviu-o atentamente, e no fim respondeu, cansado: Amigo, eu já não preciso que me digam como devo cultivar alfaces; preciso que as cultivem.
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Hoje, no Quarta República ,Margarida Corrêa de Aguiar escreve também sobre a falta de qualidade de gestão em Portugal, sobretudo nas PME.
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Comentei:
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Cara Margarida Corrêa de Aguiar,
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Se me permite, gostaria que visse esta questão de uma outra perspectiva. Porque, sem querer contestar grande parte do que afirma, penso que é importante perceber porque é que essas coisas acontecem.Porque se referiu primordialmente às PME, é sobre a qualidade da gestão delas que vou comentar.
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A maior parte dos pequenos e médios empresários deste país são empresários à força. Explico-me melhor:Neste país, se os pais tinham meios para assegurar uma carreira académica aos filhos, eles licenciavam-se e tornavam-se profissionais liberais ou funcionários públicos.Se ficavam pelo ensino secundário tornavam-se empregados por conta de outrém (bancários, por exemplo) e funcionários públicos.
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Se não tinham tido oportunidade para estudar tornavam-se pedreiros e, alguns, tornaram-se empresários na construção civil.
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Outros foram trabalhar para fábricas metalo-mecânicas e, alguns tornaram-se empresários no ramo.
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Se foram para empregados de balcão, alguns tornaram-se empresários no comércio.
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Se foram para fábricas de confecções, alguns tornaram-se empresários no sector.
Etc.
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Em conclusão : Em Portugal, o empreendorismo nasceu muitas vezes da falta de oportunidades e de meios.Não foi a ausência de formação que tornou este país um país de empreendedores sem formação. Foi a formação que tornou este país um país de empregados por conta de outrem e de burocratas. Aqueles foram obrigados a arriscar, estes preferiram o comodismo de um emprego seguro. A situação não é, ainda hoje, significativamente diferente: Melhor que trabalhar é arranjar emprego.
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Suponho que V., sendo empresária, teve a oportunidade de obter a formação mais adequada, e é uma excepção à regra, ou não vive no mundo das PME.

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