Monday, February 26, 2007

JARDIM, PARA LÁ DA PALHAÇADA

Um texto de antologia
Jardim esconde-se atrás de fantochadas para fugir aos verdadeiros problemas que tem pela frente.
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Infelizmente, o PSD nacional solidariza-se com ele - talvez porque a liderança do partido precise dos seus votos nas directas internas.Jardim é perito em actos patéticos dignos de uma opereta do século XIX. É a sua forma de varrer para debaixo do tapete os problemas que o atormentam.
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A propósito desta demissão, vale a pena discutir o fundo da questão.A Madeira é uma das regiões mais dependentes do Estado e Jardim um dos políticos menos liberais do país. Na verdade, ele está muito mais próximo dos cubanos (em empregos gerados pelo sector público, na dependência das famílias em relação à sua vontade) do que os continentais a quem chama ‘cubanos’.A Madeira é a uma região onde o IVA é cobrado a 15%. Mas, como até agora a Madeira recebia transferências do IVA em função do que era cobrado em todo o país e não na região, Jardim nunca teve qualquer impulso em cobrar impostos, nem qualquer tormento com a fuga ao fisco. O que recebia dependia do que era cobrado no conjunto de Portugal. Com a nova lei, vai passar a depender do IVA cobrado na Madeira.O Governo do Continente deixou de responsabilizar-se pelas dívidas da Madeira. Isto significa que, se os bancos emprestarem dinheiro à Região, será com juros muito maiores.
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Uma vez que o PIB «per capita» da Madeira é 116% da média nacional (o que significa que a Madeira é a segunda região de Portugal mais rica) o Fundo de Coesão passou a transferir menos para a Madeira e irá diminuindo as verbas até ao zero. Como região mais favorecida, no futuro deve ser a Madeira a transferir verbas para as regiões mais pobres.
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Ora, ao demitir-se para se recandidatar, Jardim não altera uma vírgula a esta realidade. Apenas protesta e marca politicamente a agenda por, de forma abrupta, ter sido deixado sem os habituais milhões que outros (como Guterres) lhe deram.Se Jardim estivesse seriamente na política, faria campanha a anunciar medidas duras - por exemplo, a subida de impostos, ou cortes drásticos na despesa. Mas é quase certo que o não fará. Ao contrário, irá insultar, fazer guerrilha política e chantagear quem puder (nomeadamente o líder do PSD que, sendo eleito pelas bases, depende dos votos dos militantes da Madeira).
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O que há, pois, de verdadeiramente novo - para lá de toda a palhaçada - é que os madeirenses, pela primeira vez, vão pagar o Governo que escolherem.
Henrique Monteiro Expresso 24 Fev.2007

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