Saturday, February 03, 2007

UM BOEING A FARDOS DE PALHA

Comentário ao “post/video “ Money, Banking and the Federal Reserve”, de 31/01/2007, colocado em
A Arte da Fuga

Caro AA,

Conforme prometido, e após ter sido reparada parte duma avaria nas telecomunicações aqui na minha zona, vi o vídeo, e agradeço-lhe a oportunidade de o ter visto para o poder comentar.

Recorda-se que comentei no seu "post" - Milton Friedman got it right, and Plato got it wrong /
How do we limit the power that idiots have over us? - a transitoriedade da glória e, concretamente, da glória do monetarismo.

Replicou V. que "a teoria monetarista é a faceta mais criticável do pensamento de Milton Friedman..."

Percebi a intenção mas fiquei sem perceber por onde é que V. ia sair a partir daí.

E percebi a intenção porque a teoria monetarista é não só uma arma intervencionista manipulada pelo Estado mas também a mais poderosa. Não só a nível interno de cada zona cambial mas, sobretudo, a nível dos fluxos internacionais: "Nearly $2 trillion worth of currency now moves cross-border every day, roughly 90% of which is accounted for by financial flows unrelated to trade in goods and services - a stunning inversion on the figures in 1970, when 90% of international transactions were accounted for by trade". in Financial Statecraft/Benn Steil and Robert E. Litan - Thr Role of financial markets in American Foreign Policy/
Yale University Press 2006.

Aliás, o vídeo demonstra que foi sempre assim e, agora, acrescento eu, mais do que nunca.

Vendo a primeira mensagem do vídeo, supus adivinhar que ele se encaminharia no sentido da defesa de medidas de controlo da actividade do FED. Esta hipótese, tal como num filme policial, é reforçada por diversas intervenções ao longo do filme para ser descartada apenas no epílogo.

Afinal o vídeo, que é didáctico e está muito bem composto, aponta para uma solução serôdia: o regresso ao padrão-ouro.

Fiquei decepcionado. Supunha encontrar um anti-vírus revolucionário e remetem-nos para o óleo de fígado de bacalhau.

António Amaral, francamente não sei que lhe diga porque, desculpe-me a franqueza: pretender sustentar o sistema financeiro internacional actual com base na convertibilidade em ouro seria o mesmo que pretender fazer voar um Boeing com fardos de palha.

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