Sunday, February 11, 2007

ESTAMOS PARA FICAR

Dick Cheney, em entrevista à "Newsweek", a primeira que concedeu à Imprensa depois do Partido Republicano ter perdido a maioria no Congresso, resume numa afirmação simples a inevitabilidade que os norte-americanos enfrentam no Iraque e nos restantes territórios do Golfo Pérsico: "Estamos no Golfo para ficar".
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Dito deste modo, a frase parece mais uma determinação caturra desta administração americana, e portanto valer, quanto muito, o que valer a sua resistência à oposição daqueles que reclamam a retirada, do que uma forma resignada de confessar que estão para ficar porque não há saída.
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E, no entanto, é a falta de saída que obriga, e vai obrigar os norte-americanos a manterem-se no Golfo por um período que ninguém saberá determinar mas que depende, essencialmente, do perído necessário à descoberta da alternativa para a actual dependência do petróleo existente na zona. "O envio de outro porta-aviões para o Golfo mostra como os Estados Unidos estão para ficar... e lidar com a ameaça iraniana".
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Dos candidatos democratas à presidência já conhecidos (Hillary, Obama e John Edwards) só Obama propõe o estabelecimento de um programa para a retirada do Iraque. As primárias só principiam dentro de um ano e até lá muitos incidentes irão ocorrer no Golfo , sobretudo no Iraque. Um ano durante o qual a polémica acerca da presença norte-americana no Iraque se instalará principalmente do lado democrata.
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Um ano durante o qual não poderá deixar de ser reconhecida uma inevitabilidade que até agora foi possível manter encoberta pelo politicamente correcto: a inevitabilidade da presença das tropas norte-americanas no Golfo, da qual beneficiam todos os que, não estando lá, reclamam a retirada.
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John Edwards, que defende a saída do Iraque mas não a saída do Golfo, ou, dito de outro modo, defende que a saída do Iraque não implica necessariamente a saída do Golfo, coloca a questão nos precisos termos em que ela terá de ser equacionada: O que acontecerá nos outros países do Golfo se os norte-americanos forem obrigados a sair do Iraque?
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Muito provavelmente, é a reflexão à volta desta pergunta que obrigará os norte-americanos, e o resto do mundo, a coincidirem numa visão diferente daquela que neste momento prevalece.

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