É impressionante aos olhos de quem se põe a olhar à volta e ver, a quantidade de prédios que apodrecem em Lisboa hà muitas décadas, desde os pardieiros mais esconsos aos edifícios com grande dignidade que se desfazem até colapsarem.
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E ninguém repara.
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O lisboeta habituou-se a viver envergonhado da sua cidade e refugia-se a olhar para as calçadas. Ninguém, que olhe acima da sua estatura, pode viver sossegado com a sua consciência cívica, se a possui, ao deparar com tanto desmazelo colectivo.
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O presidente do município tinha anunciado anteontem que iria propor a venda, a preço reduzido,
de cerca de 4000 fogos que a câmara possui. Afinal o assunto vai ser encaminhado para grupo de trabalho que ainda nem sequer foi criado, segundo noticiava o Público de ontem. A oposição diz que muitas destas casas não estão habitáveis.
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É desde há muito conhecido que o maior proprietário urbano (também em número de fogos devolutos e em estado calamitoso) é a Câmara Municipal de Lisboa. A colocação no mercado, para venda ou aluguer poderia constituir uma das raras oportunidades de golo para o presidente actual. Não foi concretizada; bateu estrondosamente (para alguns ouvidos mais sensíveis) na barra da incompetência generalizada que campeia na edilidade lisboeta. Entregue a um grupo de trabalho, o assunto vai seguramente levar mais tempo a resolver que concluir o túnel da Amoreiras. Em todo o caso, seguramente menos que o túnel do Terreiro do Paço, que promete nunca se acabar.
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Entretanto, Maria José Nogueira Pinto considerou como "neo-realista" a outra promessa do presidente da câmara, de pagar um seguro de saúde aos bébés nascidos na cidade. Também acho. Hoje ficámos a saber que o vice-presidente, Fontão de Carvalho, há algumas semanas já, escondia ter sido considerado arguido num processo em que é acusado de peculato relacionado com a auto-atribuição de prémios de gestão aos administrradores da Epul.
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Que pena a sensibilidade dos lisboetas não vibre por Lisboa como vibrou pela Esmeralda!
1 comment:
Falta-lhe uma Maria Barroso, à frente, a liderar as hostes.
Sòzinho, o povo não vibra, nem vai a lado nenhum. Deixa-se ir, apenas.
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