Tuesday, March 12, 2024

O ÊXITO DO ÁCIDO DESOXIRRIBONUCLEICO

"O ADN (ácido desoxirribonucleico) é um polímero composto por duas cadeias polinucleotídicas que se enrolam umas sobre as outras para formar uma dupla hélice O polímero carrega instruções genéticas para o desenvolvimento, funcionamento,  crescimento e reprodução de todos os organismos conhecidos e muitos vírus..." Pois é, é isto e muito mais, a descoberta que mudou radicalmente o entendimento da espécie humana relativamente sobre seres que sendo, aparentemente tão diferentes, são realmente tão semelhantes por diferirem quase nada entre si, considerando a extrema complexidade da formação da vida. 

Muito pouca gente saberá o que é que ADN significa. Incluindo, obviamente, o bom povo português que votou no domingo no ADN. 
E, no entanto, o acrónimo é usado a propósito, mas sobretudo a despropósito, na linguagem corrente: por exemplo, o tipo é um malandro, não há nada a fazer, está-lhe no ADN. Ou o tipo é um lutador, está-lhe no ADN.
Quando o ADN ainda não tinha chegado ao conhecimento humano, dizia-se, por exemplo, o tipo é um lutador, está-lhe na massa do sangue. Não era bem assim mas não estava longe.

O ADN, sigla que identificava um dos partidos no boletim de voto,  Alternativa Democrática Nacional, teve, desde a sua fundação uma aventura tortuosa até se tornar no mais falado no dia das eleições. 
Agora, quando os resultados das eleições já são conhecidos, parece que o país entrou em estado de choque. E as explicações multiplicam-se. 
Sem necessidade nenhuma disso porque bastava analisar o ADN deste ADN que constava entre os 14 partidos concorrentes, a maioria dos quais estranhos ao bom povo português.
 
Nasceu com outra designação, em 2014, pela mão do advogado António Marinho e Pinto. 
Foi registado como PDR, Partido Democrático Republicano, concorreu às eleições de 2015, não elegeu nenhum deputado. 
Na altura, o chamado Partido Democrático Republicano (PDR) concorreu nas eleições legislativas de 2015 sem eleger nenhum deputado. Quatro anos depois, em 2019, perdeu mais de 80% dos votos e voltou a não eleger ninguém.
Em 2019, concorreu com o mesmo nome e voltou a eleger ninguém.
Decidiu mudar de nome, passou a chamar-se Alternativa Democrática Nacional, mas nas eleições de 2022 voltou a não eleger qualquer deputado. 
 
Para as eleições deste domingo apresentou-se a AD, Aliança Democrática, a ressuscitar o CDS e o PPM, com a sigla AD. Foi óptimo para o ADN. Não elegeu nenhum deputado mas cometeu a proeza de ter tirado à AD, dois ou três deputados. Descuido do PSD em analisar o ADN do ADN.

Alteraram-se significativamente as perspectivas de instabilidade decorrentes da entrada do Chega com 48 deputados na Assembleia da República? Não. Os dados estavam lançados com o lançamento, pelos outros partidos,  de Montenegro para os braços de Ventura. 
Disse isso aqui oito dias antes do dia das eleições: Se perderes, ganhas; se ganhares, perdes.
Saiu a bola preta a Luís Montenegro e a bola branca a Pedro Nuno Santos. 
A rapidez com que este felicitou o adversário, antes de serem conhecidos os resultados que dirão a quem cabem os 4 deputados eleitos pelos emigrantes é sintomático que lhe coube a sorte de perder.


3 comments:

IO said...

...eu ajudei o ADN...por engano!!!!

Rogério Silva said...

Uma comparação útil.
Sem dúvida que a votação no ADN penalizou a AD.
A CNE não devia ter permitido a sigla dado poder, como levou, gerar confusões.
Grande abraço.

Rogério Silva said...

Caro Rui.
Uma comparação de fina ironia.
A CNE não ter permitido a sigla ADN pois podia gerar, como se verificou, confusões penalizando outro partido/coligação, neste caso a AD.
Grande partido/coligação, neste caso a AD.
Grande abraço.