Saturday, March 30, 2024

PRR JAPONÊS

PRR Japonês
PRR Portugês
- Descubra das diferenças a partir da segunda parte deste apontamento
 
Na página da Medeia FilmesEvil Does Not Exist - O Mal não Está Aqui. a sinopse do filme, começa pela referência elogiosa à carreira do realizador japonês Aku Wa Sonzai Shina, que lhe valeu diversos prémios. Não conhecemos outros filmes deste cineasta para além daquele que assistimos ontem, - no Nimas, uma sala modesta, sem pipocas nem coca cola, que se destaca dos buracos para projecção de filmes nos centros comerciais -  a abordagem feita pela generalidade das apreciações foca-se no aspecto mais saliente desta obra, a ecologia, as consequências decorrentes das agressões feitas ao equilíbrio natural do meio ambiente. Em resumo:
"Evil Does Not Exist - O Mal Não Está Aqui", o novo filme de Ryusuke Hamaguchi, pai e filha confrontam-se com a ameaça à sua vida em comunhão com a natureza. Filme é um conto ecológico sobre a construção de um parque de campismo de luxo".
 
O título que atribuí a este comentário, não corrige nem procura de algum modo contraditar as apreciações feitas pela generalidade da crítica especializada na arte cinematográfica porque apenas procura ver para além da temática central do filme que, no entanto, opta no fim por uma deriva que não é determinante para a pertinência da obra e que, pela minha perspectiva, o desvaloriza: um argumento menos forte tende a debilitar um argumento forte. 
 
O que no entanto parece ter escapado à generalidade dos críticos é a similitude entre as causas e as consequências em que se atravessam conveniências e conivências na subsidiação de planos de desenvolvimento económico e social (planos de recuperação e resiliência) após os anos de retrocesso da pandemia covid 19. 
No caso concreto que motivou este filme, e que parece corresponder, pelo menos parcialmente, a factos reais, uma empresa, supostamente especializada na caça de talentos, elabora um plano de instalação de um camping de luxo, destinado a altos quadros de grandes empresas situadas em grandes cidades (Tóquio é a 
referida no filme, como exemplo) que procuram férias num ambiente natural tão selvagem quanto possível para recuperarem da exaustão física e psicológica dos meses de trabalho intenso nos grandes centros urbanos. 
E enviam dois supostos talentos ao local onde vai ser instalado o camping de luxo para informarem os residentes, uma comunidade que ali vivia desfrutando a tranquilidade da natureza. 
É um requisito fundamental para aprovação do plano que os residentes sejam ouvidos, mas não necessariamente  atendidas as suas objecções. Os dois talentos, que se vem a saber depois que de talento terão pouco e conhecimento do assunto objeto da sua missão ainda menos, enfrentam, entre outras objecções dos residentes, uma  de ultrapassagem impossível para os dois talentos: o camping requer a instalação de uma fossa séptica que drenará os seus efluentes para os lençóis freáticos contaminando as águas puríssimas da região. 
Por esta razão, entre outras, voltam os dois talentos a Tóquio para transmitirem à direcção da empresa de caça de talentos as razões dos residentes. E que melhor seriam mesma que direcção ouvisse os residentes, presença, aliás, reclamada por estes.
Enfureceu-se a direcção à distância, a direcção está bem longe dali, ordenando aos dois talentos que voltassem ao local, e convencessem os residentes, se preciso fosse corrompendo o líder dos contestatários, caso contrário o projecto não seria atendido, a empresa perderia muito dinheiro e eles perderiam o emprego.
E que tudo deveria estar feito como devia, dentro dos prazos exigidos pelas regras de atribuição de fundos e subsídios atribuíveis segundo o plano de recuperação e resiliência após o tombo provocado pelo covid. 
Dos dois talentos, um desistiu, o outro terá morrido de exaustão.  

Lá como cá. Cá,  desde há muito tempo.
Escrevi aqui em 2 de Março: se ganhares, perdes; se perderes, ganhas.
Ganhou Montenegro.
O quê?


 

--- A propósito disto, 
 

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