Saturday, September 26, 2020

O JOGO DA CABRA CEGA

Anteontem, pelo Público soube-se - Professor de Direito compara o feminismo ao nazismo -  que esse professor de direito, Francisco Aguilar, está ser julgado por violência doméstica, e que a Faculdade de Direito retirou da Net programas de cadeiras do mestrado em que o Aguilar fala de mulheres com o pessoas desonestas, compara o feminismo ao nazismo, "nazismo" de género do totalitarismo dos Estados Feministas do Ocidente", terminando com "Morte a todos os comissário políticos do Conselho Superior da Magistratura!" "Morte à escolha de de professoras feministas para entrevistas ao CEJ." "Morte a todos os feministas." Repudia a "transmutação total dos valores do Ocidente resultante da adopção da besta do pó-modernismo iluminista ... dos psicólogos que dizem que as empresas devem contratar mais mulheres, designadamente para cargos dirigentes, porquanto as mulheres são, na linguagem pós-moderna, mais emocionalmente inteligentes que os homens, ... i.e., precisamente aquilo que, na Antiguidade, na Idade Média e ainda no Antigo Regime, mas já na Idade Moderna, se chamava [sic] pessoas desonestas. de "espertas", em suma, de canalhas", lê-se no ponto 49 do programa de Direito Processual Penal III", do prof. Aguilar.

O discurso do prof. Aguilar é um escarro na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Como é que um indivíduo é professor na FDUL há 30 anos e só agora deram por ele? Lê-se este artigo e só gente muito desmemoriada não se recordará do juiz Neto Moura que citava a Bíblia para atribuir pena suspensa a dois homens que agrediram vítima com uma moca de pregos, uma agressão  "não de gravidade bastante" segundo o juíz e, acrescente-se, uma juíza que subscreveu a sentença, invocando mais tarde não ter lido até ao fim o acórdão que assinou. Cf. aqui e aqui

Ontem, o Público noticiava - Juíza absolve professor (Aguilar) de violência doméstica. Mulher "também provocava", disse.  Professor de Direito estava acusado por uma ex-aluna, dez anos mais nova. A juíza Joana Ferrer referiu que expressões que ele usou foram motivadas “pela pressão, pelo gozo e pela violência psicológica a que a assistente igualmente o sujeitava”. Faculdade de Direito abriu processo de inquérito por Francisco Aguilar ter dois programas onde compara feminismo a nazismo. 

Só por isso?

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