Wednesday, September 10, 2014

O QUE COSTA FICA A DEVER A SEGURO

Quando inicio este apontamento ainda não começou o debate entre os candidatos do PS a candidatos a primeiro-ministro. As primárias promovidas pelo actual secretário geral socialista estão e vão continuar a centrar no PS  as atenções da opinião pública, o que não poderá senão traduzir-se numa vantagem nas eleições legislativas do próximo ano para o candidato que vencer as eleições socialistas no fim deste mês. 

Muita gente se tem pronunciado contra a iniciativa do líder dos socialistas mas é-me difícil entender-lhe os argumentos. Há, certamente, nestas eleições um factor negativo - o momento em que foram convocadas - que prejudicam os méritos da iniciativa, aliás não original. Seguro recusou as primárias propostas, no momento adequado, por Francisco Assis  - para as eleições do secretário geral -, utilizando depois a ideia como forma de tentar refrear o desafio extemporâneo de Costa. Ambos andaram mal: Costa porque deveria ter-se candidato na altura própria, Seguro porque convocou as primárias no momento menos próprio.

Mas a iniciativa socialista de adoptar o sistema de primárias com alargamento a simpatizantes do partido é merecedora de aplausos. Não me inscrevi nem me vou inscrever para participar nestas primeiras eleições primárias a realizar em Portugal mas parece-me muito saudável que haja um alargamento do universo eleitor daqueles que são propostos pelos partidos ao lugar de primeiro-ministro. Provavelmente, o número de não membros do PS que vão votar será, relativamente, reduzido, e alguns vêm nesse facto uma evidência do fracasso da iniciativa. Discordo.

E discordo porque se trata de uma experiência inédita em Portugal e essa ausência de precedentes justifica a menor mobilização que se parece verificar. De qualquer modo será sempre mais representativa, e portanto mais democrática,  a preferência revelada por um universo mais alargado e menos condicionado pelas escolhas tomadas pelos aparelhos partidários. 

3 comments:

Unknown said...

n
Nestes periodos mortos em que o governo pode começar a catequizar os eleitores para as próximas eleições a publicidade sem custos dumas primarias vem mesmo a calhar - isto se não começarem a atirar tiros nos próprios pés.

Rui Fonseca said...


Concordo em absoluto: Se atirarem aos próprios pés ficarão ambos coxos.

Pedro Fonseca said...

Muito interessante. Tambem me parece que a democracia fica a ganhar, pela discussao que e' criada. Mas visto aqui da Suica, democracia tem mais a ver com as decisoes (fazer algo ou nao), leis, etc., e menos a ver com a eleicao de uma pessoa.