Thursday, January 23, 2014

CONTINUANDO A ENROLAR A MANTA

Ontem, no programa da Sic Notícias, J Gomes Ferreira, que entrevistava Teodora Cardoso, perguntou à entrevistada se, do seu ponto de vista, "não é expectável que o Governo venha a ser obrigado a reforçar a participação do Estado no capital dos bancos" afirmando depois ter conhecimento de fonte segura que "há bancos portugueses que estão a aceitar imóveis por dação em pagamento de dívidas contraídas para financiamento da construção ou aquisição desses imóveis, anulando deste modo, apenas aparentemente, imparidades nos seus balanços, uma vez que ao mesmo tempo registam os activos recebidos por valores bem superiores aos do mercado". A transcrição pode não ser literalmente exactamente fiel ao que o jornalista disse mas é, na sua essência, correcta.

Ouvindo isto, Teodora Cardoso disse desconhecer os factos relatados pelo jornalista e afirmou que compete à supervisão do Banco de Portugal analisar e promover a correcção das situações que configurarem avaliações de activos bancários acima dos valores reais de mercado. Obviamente...

O certo é que o Banco de Portugal, que no tempo do governo do senhor Vítor Constâncio mostrou um alheamento desastroso, permissor de várias irregularidades criminosas que os contribuintes portugueses desprotegidos pela justiça estão a pagar com língua de palmo, parecia estar menos adormecido com a entrada do governo do senhor Carlos Costa. Mas alguns afloramentos de continuidade das práticas que no passado recente contribuiram para o desastre financeiro não permitem concluir que, com a saída de Constâncio, o banco central (?) nacional - agora vassalo do BCE -, é agora mais independente do poder político e, sobretudo, do poder banqueiro do país. Pois se é verdade o que J Gomes Ferreira afirmou, a supervisão do Banco de Portugal não sabe do que se passa? E, se sabe, não actuou? Por incompetência, por indolência ou por conivência?

Há dias foi notícia a convocatória do Ministério das Finanças aos bancos portugueses para refinanciarem a dívida das empresas públicas de transportes ainda não incluída no perímetro da dívida pública. Ontem, soube-se que a Comissão Europeia - vd.aqui - prepara regulamentação que evite esta prática de desorçamentação legal. Até lá entre os bancos e o governo continua a promiscuidade do mútuo encosto perante o habitual encolher de ombros do banco central. Entretanto, haverá eleições para o Parlamento Europeu.

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