Thursday, January 16, 2014

TULIPAS E BITCOINS

O mercado dos bitcoins mexe.
E mexe de tal modo que não pode ser ignorado. As publicações de índole financeira dedicam-lhe espaço, os banqueiros centrais olham-nos de lado, avisam que a bolha pode rebentar de um momento para o outro, e a opinião pública atenta ao fenómeno vê a moeda virtual como um meio engenhoso para os traficantes de droga, armas, de pessoas, e outros negócios subterrâneos escaparem à polícia criminal e ao fisco. Sem qualquer regulação nem entidade de controlo de emissão reputadamente idónea, os bitcoins sustentam-se na confiança dos seus detentores decorrente de uma conivência alargada de interesses mútuos que a nenhum deles, em princípio, interessa romper.

O Financial Times de hoje volta ao tema com um aviso à navegação, comparando o florescimento do mercado de bitcoins (o inventor é desconhecido, usa o pseudónimo Satoshi Nakamoto, será japonês, não se sabe se homem ou mulher) com a espiral especulativa da Tulip mania que excitou a Holanda e o mundo em meados do século XVII.

Aparte disso, este artigo do FT repete o que vem sendo dito acerca desta pseudo moeda, que não cumpre os requisitos de uma moeda para ser oficialmente garantida como tal. Acontece que este ponto fraco do bitcoin é, por outro lado, um ponto forte, na medida em que não está sujeita à manipulação dos governos, uma condição que os liberais radicais, defensores da não existência de bancos centrais, vêm dirigir-se à suas posições ideológicas.

Até onde irá o bitcoin, entregue à sua condição libertária?
Até onde o deixarem ir os banqueiros. Por agora estão na expectativa que a tulip mania do século XXI se estatele sem ser empurrada. Quando isso acontecer, alguns terão pago as fortunas já acumuladas por uns tantos. Mas, vantagem do bitcoin, não serão os contribuintes a pagar as consequências do desastre.

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