Saturday, June 15, 2013

ALFAMA SARDINHA

"O que se passa em Alfama é uma vergonha para a cidade.
Lixo por todos os lados, as ruelas e vielas cheias de urina e vomitado, os vendedores de sardinhas em esplanadas nojentas a enganarem os clientes com sardinhas estragadas, ardidas. Um nojo. Uma vergonha que os lisboetas não entendem e, muito menos, os turistas de navios de cruzeiros e outros que, enganados, por lá andavam às dezenas.
Já no ano passado foi a mesma coisa. E no ano anterior…e no anterior…sempre com o apoio da Câmara, do Turismo de Lisboa e com o nosso dinheiro.
Esta Alfama não tem nada a ver com a minha cidade."
 
JM Vieira
 
Não fomos à Alfama este ano. Nem no ano passado, nem no anterior, para ser mais preciso, há já alguns anos que não vamos a Alfama durante as festas da cidade. Mas recordo-me bem dos apertos de magotes de gente animados que se empurravam, pelas ruas entre prédios que continuam em estado de conservação lamentável, sem outra razão visível para além de andar por ali porque sim, e dos estaminés improvisados nos largos onde melhor que se podia esperar encontrar era um lugar para sentar e aguardar pela chegada de uma sardinhas manhosas trazidas por gente geralmente mal disposta ao fim de longos e aborrecidos tempos de espera. Desistimos.
 
Outro cliché das festas da cidade de Lisboa são as marchas de Santo António, continuação de uma invenção pífia de Leitão de Barros há oito décadas atrás. Pela espreitadela que dei à transmissão feita pela televisão confirmei que continua o mesmo espectáculo sem raízes populares respeitáveis, sem alma, repetidamente ridículo. Concebidas no tempo em que o regime de então pretendia também enquadrar a arte popular segundo os seus padrões estéticos, as marchas populares de Lisboa continuam a vestir o figurino desenhado há oitenta anos sem se dar conta que está cada vez mais desbotado em cada ano que passa.
 
Onde continuam, tal como ontem, a marcar presença nos palanques as autoridades oficiais, aparentemente maravilhados com o desfilar zonzo dos marchantes.

1 comment:

JMVieira said...

Concordo com as observações. Gastaram-se milhões. Só na festa do Peixe foram €600000 para uns foliões comerem uns peixes no Terreiro do Paço porque o povo teve que pagar!
A qualidade resulta das pessoas e não do montante de dinheiro gasto.
Uma piasqueira.