Saturday, March 31, 2012

É INADMISSÍVEL

afirma (aqui) Rui Rio
que a Caixa Geral de Depósitos, um banco público, financie a Oferta Pública de Aquisição (OPA) lançada pelo grupo José de Mello e Arcus sobre a totalidade do capital da Brisa.

Ontem mesmo, durante o debate quinzenal na AR, o primeiro-ministro tinha-se regozijado por os investidores estarem a voltar a acreditar em Portugal, e dava como exemplo (hélas!) desse interesse a OPA à Brisa!

Caro Rui Rio,

Ouvi a sua indignação esta manhã na Antena 1 mas lamento a sua impotência. A partir do momento em que declarou permanecer fiel ao compromisso assumido de se manter como presidente da Câmamara Municipal do Porto e não ser candidato a primeiro-ministro, vai certamente continuar a indignar-se mas os caixeiros (administradores da Caixa) não sabem fazer outra coisa senão merda (com perdão da palavra, aliás consagrada na capa da revista do Expresso, semanário de referência, dizem, do último fim-de-semana) e os que, em princípio lhes autorizam a vocação, estão-se nas tintas para as suas indignações a propósito da Caixa e todos os outros caixotes de tralha inadmissível de que está cheio até ao teto este país. 

Ainda há poucos dias um dos caixeiros (um tal Fernandes Tomás, não sei se com s se com z se escreve o nome do rapaz) afirmava aqui que a Caixa iria doravante dedicar-se ao financiamento da economia produtiva. O que constituia uma confissão (de que o mastodonte até agora tem andado a financiar o betão, o cimento e a especulação) e uma promessa de que,  desde logo, desconfiei.  E aí está, passados poucos dias, a prova de que a minha desconfiança era fundamentada: os caixeiros não sabem fazer outra coisa. E com isso determinam, em grande parte, a sorte da infortunada economia portuguesa.

De modo que, Rui Rio, se quer ajudar a colocar este país nos eixos, se entende que este país tem pela frente uma tarefa impossível, como refere na entrevista que concedeu ao Expresso deste fim-de-semana, meta a mão na massa e faça-se ouvir em sede própria.

Se não, pode continuar a indignar-se que os caixeiros, como a caravana, continurão a fazer a que sempre têm feito: passam, calcam, e deixam atrás de si sempre a mesma merda.
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Act. - Jorge Sampaio afirma que o papel da Caixa não passa pelo financiamento da compra de acções

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