Tuesday, February 28, 2012

UMA SEPARAÇÃO

O Artista venceu o Óscar de melhor filme concedido este ano pela Academia de Hollywood.
É um filme francês, e a proeza é mais relevante porque é o primeiro filme não norte-americano a consegui-la? 

O Artista é sobretudo uma surpresa por homenagear os primórdios da indústria cinematográfica que se instalou de modo inabalável em Hollywood. A cinematografia europeia, nomeadamente a italiana e a francesa, que conheceram tempos de grande sucesso internacional, é hoje um competidor quase em vias de desaparecimento. De vez em quando, uma ou outra realização consegue alguma audiência expressiva, mas o que continua a inundar massivamente a Europa e a sobrepor-se nas audiências à sua cultura, é a pujança da indústria cinematográfica norte-americana e, com ela, a cultura do outro lado do Atlântico.

Diga-se de passagem, que para além do impacto cultural, há um outro aspecto não dispiciendo: o cinema é um dos produtos mais exportados pelos EUA.

O Artista contém todos os ingredientes de um filme norte-americano de qualidade acima da média. Vale sobretudo pela forma (um achado, diga-se de passagem) e não tanto pelo conteúdo.

Surpreendente, mas noutro sentido bem diferente, é a qualidade de alguns filmes que Hollyood não produz, que a Europa, por razões que me escapam, não consegue produzir, realizados em países com culturas distantes das nossas mas onde as interrogações que nos colocam são universais. São, em certo sentido, os Ingmar Bergman de hoje.

Uma Separação, que venceu o prémio para o melhor filme estrangeiro é um bom exemplo daquilo que pretendi atrás dizer. Não vou aqui resumir a história nem os méritos que encontrei no filme porque há na internet informação abundante. O que posso fazer é recomendar que o vejam.

O Artista é um filme, muito promovido, que fará história pela surpresa da forma (aliás, pela recuperação da forma).
Uma Separação é o prolongamento de uma cinematografia geralmente pouco promovida mas com outros exemplos geniais.

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