Monday, April 05, 2010

ALGUMA COISA TERÁ DE ACONTECER

Não sei se Gordon Brown conseguirá convencer os seus parceiros do G20, mas se a sua proposta* publicada hoje no Financial Times não for avante, mais cedo ou mais tarde alguma coisa terá de acontecer no sistema financeiro internacional. A crise financeira, de que são responsáveis, ainda não beliscou os banqueiros salvo meia dúzia de casos escabrosos que a maré baixa veio por ao sol.
Brown está longe de ter a continuidade do seu mandato garantida a partir das próximas eleições legislativas e, até lá, se a Alemanha, a França e, sobretudo os Estados Unidos da América, não aderirem convictamente ao repto lançado pelo actual primeiro-ministro inglês tudo poderá continuar como dantes até que a extensão da ruptura imponha soluções mais drásticas.
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A prevalência da especulação financeira e imobiliária sobre a economia reprodutiva abanou estrondosamente a generalidade das economias ocidentais, que esqueceram, ou fizeram-se esquecidas, que nenhuma economia é perduravelmente sustentável no jogo financeiro nem o imobiliário é exponencialmente imparável, a menos que haja batota e os outros estejam totalmente distraídos.
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Acontece que as medidas de ajustamento que a crise impõe (e o Reino Unido não está a salvo, bem pelo contrário) vão inevitavelmente provocar convulsões sociais que apontarão aos que a provocaram, ou alimentaram, e se mantêm incólumes e arrogantes da sua condição de predestinados à fortuna infinita.
Quando a ebulição aproxima o tacho do ponto de ruptura, aconselha a prudência que se retire a tampa com cuidado. Mas os banqueiros deste mundo não parecem estar preocupados com isso.
Nem os do outro.
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* Brown hails move on global bank tax
Gordon Brown on Sunday said the large economies were close to agreeing a global tax on banks that would cost the financial sector billions of pounds a year but played down expectations that a deal could be struck at the next Group of 20 meeting in June.
The UK prime minister, who held talks with Angela Merkel, German chancellor, last week, said the scene was set for a ­“global responsibility levy”.

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