Wednesday, November 20, 2024

A EUROPA À DERIVA: COMO MATAR O LEÃO DE NEMEIA?

A continuidade do Aliás depende do seu merecimento, avaliado por comentários, críticas, sugestões, correcções, de quem o lê.

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Russia-Ukraine war live: Italy, Spain and Greece follow US in closing embassies in Kyiv over threat of ‘significant attack’ - From

Suécia envia panfletos de preparação para a “guerra ou outras” crises inesperadas a todas as famílias.

Dois cabos submarinos no mar Báltico foram cortados. EUA apontam o dedo ao Kremlin  

Putin permite uso alargado de armas nucleares 

Nordic neighbours release new advice on surviving war

 

 "Se não podes vencer o inimigo, junta-te a ele", recomenda o provérbio antigo, certamente inspirado na estratégia de Hércules para liquidar o  "Leão de Nemeia" .
 
Pode a União Europeia, desprovida de capacidade bélica relevante, sem um comando unificado que lhe dê suficiente consistência táctica e estratégica,  vencer Putin e os seus amigos ou simpatizantes, alguns dos quais são membros da UE, a partir de 20 de Janeiro quando Trump e a sua trupe abandonarem os seus aliados desarmados europeus?
Hoje, penso que não pode,  e a primeira vítima, vergonhosamente traída é a Ucrânia, o primeiro resistente a cair, o mais traído de todos, Zelensky.
 
A Federação Russa, que ocupa, de longe, o maior território do planeta, tem cerca de 144 milhões de habitantes; a União Europeia, cerca de 450 milhões, mas esta não será uma guerra que possa ser disputada corpo a corpo; mais que a força e a determinação seria, pela primeira vez na história da humanidade, a auto destruição da espécie humana o resultado mais provável de uma guerra global, mais uma vez, e, definitivamente, iniciada na Europa. 

Alguém terá de ceder, alguém terá de assumir a ignominiosa posição de primeiro cobarde para declarar a rendição da Europa Livre. Não faltarão candidatos, Viktor Órban, indubitavelmente o mais credenciado, actualmente na presidência rotativa da União Europeia, aceitará orgulhosamente a incumbência de desempenhar o papel protagonizado por Pétain há 84 anos. 

Falta saber quem será Hércules no segundo acto desta tragédia maior.  
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act. - Ucrânia realiza primeiro ataque na Rússia com mísseis britânicos

As forças ucranianas levaram a cabo um primeiro ataque contra alvos militares em território russo recorrendo a armamento britânico, avança a Bloomberg.Trata-se do primeiro ataque da Ucrânia contra a Rússia envolvendo o uso de mísseis Storm Shadow. A utilização destes mísseis na Rússia foi autorizada pelo Reino Unido em retaliação pelo destacamento de tropas norte-coreanas para a Ucrânia, onde se encontram a dar apoio às forças russas. Este episódio representa mais um passo na escalada da guerra, que atingiu esta semana o milésimo dia desde que Putin ordenou a invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022. A semana tem sido particularmente tensa na região, depois de os EUA terem autorizado também o uso de mísseis norte-americanos na Rússia.Em resposta, o Kremlin alterou a doutrina nuclear para alargar o leque de possibilidades em que pode recorrer ao seu vasto arsenal nuclear. c/p - aqui

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Alex Maxia
In Gothenburg, Sweden
TT News Agency/AFP A hand holding a yellow booklet in front of Swedish flags - it has the words 'Om krisen eller kriget kommer' on the front and an illustration of soldiers and a family 
TT News Agency/AFP
The new version of Sweden's pamphlet "In case of crisis or war" will reach letterboxes from Monday

On Monday, millions of Swedes will start receiving copies of a pamphlet advising the population how to prepare and cope in the event of war or another unexpected crisis.

“In case of crisis or war” has been updated from six years ago because of what the government in Stockholm calls the worsening security situation, by which it means Russia’s full-scale invasion of Ukraine. The booklet is also twice the size.

Neighbouring Finland has also just published its own fresh advice online on “preparing for incidents and crises”.

And Norwegians have also recently received a pamphlet urging them to be prepared to manage on their own for a week in the event of extreme weather, war and other threats.DVERTISEMENT

During the summer, Denmark's emergency management agency said it was emailing Danish adults details on the water, food and medicine they would need to get through a crisis for three days.

In a detailed section on military conflict, the Finnish digital brochure explains how the government and president would respond in the event of an armed attack, stressing that Finland’s authorities are “well prepared for self defence”.

Sweden joined Nato only this year, deciding like Finland to apply after Moscow expanded its war in 2022. Norway was a founder member of the Western defensive alliance.

Unlike Sweden and Norway, the Helsinki government has decided not to print a copy for every home as it “would cost millions” and a digital version could be updated more easily.

“We have sent out 2.2 million paper copies, one for each household in Norway,” said Tore Kamfjord, who is responsible for the campaign of self-preparedness at the Norwegian Directorate for Civil Protection (DSB)

Norway's checklist includes longlife food and medicines including iodine tablets

Included in the lists of items to be kept at home are long-life foods such as tins of beans, energy bars and pasta, and medicines including iodine tablets in case of a nuclear accident.

Oslo sent out an earlier version in 2018, but Kamfjord said climate change and more extreme weather events such as floods and landslides had brought increased risks.

For Swedes, the idea of a civil emergency booklet is nothing new. The first edition of “If War Comes” was produced during World War Two and it was updated during the Cold War.

But one message has been moved up from the middle of the booklet: “If Sweden is attacked by another country, we will never give up. All information to the effect that resistance is to cease is false.”

It was not long ago that Finland and Sweden were still neutral states, although their infrastructure and “total defence system” date back to the Cold War.

Getty Images Sweden's Minister for Civil Defence Carl-Oskar Bohlin holds a copy of  the new version of the preparedness booklet "If the crisis or war comes". The pamphlet has a yellow cover and an image of a woman in army fatigues holding a large gun. 
Getty Images
Carl-Oskar Bohlin presented the pamphlet last month
 
Sweden’s Civil Defence Minister Carl-Oskar Bohlin said last month that as the global context had changed, information to Swedish households had to reflect the changes too.

Earlier this year he warned that “there could be war in Sweden”, although that was seen as a wake-up call because he felt that moves towards rebuilding that “total defence” were progressing too slowly.

Because of its long border with Russia and its experience of war with the Soviet Union in World War Two, Finland has always maintained a high level of defence. Sweden, however, scaled down its infrastructure and only in recent years started gearing up again.

“From the Finnish perspective, this is a bit strange,” according to Ilmari Kaihko, associate professor of war studies at the Swedish Defence University. “[Finland] never forgot that war is a possibility, whereas in Sweden, people had to be shaken up a bit to understand that this can actually happen," says Kaihko, who's from Finland.

Melissa Eve Ajosmaki, 24, who is originally from Finland but studies in Gothenburg, says she felt more worried when the war broke out in Ukraine. “Now I feel less worried but I still have the thought at the back of my head on what I should do if there was a war. Especially as I have my family back in Finland."

The guides include instructions on what to do in case of several scenarios and ask citizens to make sure they can fend for themselves, at least initially, in case of a crisis situation.

Finns are asked how they would cope without power for days on end with winter temperatures as low as -20C.

Their checklist also includes iodine tablets, as well as easy-to-cook food, pet food and a backup power supply.

The Swedish checklist recommends potatoes, cabbage, carrots and eggs along with tins of bolognese sauce and prepared blueberry and rosehip soup.

Swedish Economist Ingemar Gustafsson, 67, recalls receiving previous versions of the pamphlet: “I'm not that worried about the whole thing so I take it pretty calmly. It's good that we get information about how we should act and how we should prepare, but it's not like I have all those preparations at home”.

One of the most important recommendations is to keep enough food and drinking water for 72 hours.

But Ilmari Kaihko wonders whether that is practical for everyone.

“Where do you stash it if you have a big family living in a small apartment?”

 

Wednesday, November 13, 2024

PRODUTIVIDADE - UMA QUESTÃO DE ENGENHEIROS A MAIS E PEDREIROS A MENOS?

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Porque é que os portugueses trabalham mais horas do que os outros europeus mas têm salários mais baixos? 
O que importa realmente reter sobre a produtividade da economia portuguesa? 
A resposta à pergunta é dada no "Factos que Contam", um programa da SIC Notícias em colaboração com a Fundação Manuel dos Santos.
 
O título desta nota é, tenho de reconhecer, talvez intencionalmente provocador mas não é mais do que a transcrição tão fiel quanto possível, do que ouvi anteontem Odemira.
 
A medição da produtividade é, à vista desarmada, conceptualmente muito simples.
Se observada com microscópio apropriado à natureza do objecto a observar é complicadíssimo. 
Dediquei a este assunto várias notas neste caderno de apontamentos desde os seus começos há dezanove anos. 
A observação microscópica levanta muitos paradoxos. 
Um exemplo: Uma grande fatia, pelo menos metade, da riqueza produzida e retida em Portugal é atribuida à função pública? Como se mede essa mais ou menos metade?

É indiscutível que o problema maior da economia portuguesa é a falta de produtividade que, neste caso, significa insuficiência de investimento produtor de qualidade elevada.
 
Vi o programa "Factos que contam" mas também ouvi Mário Centeno afirmar, além do mais, que  há “números enganadores” quanto à capacidade de Portugal reter jovens qualificados e ( ) que o país consegue ser um receptor líquido de licenciados".
 
Ontem, passei por Odemira, onde "há mais nepaleses que portugueses" disse-nos um grupo de reformados sentados à beira do Mira.  Numa livraria, quem nos atendeu afirmou o mesmo o que nos disseram os velhos. Porquê?
 
Ora porquê? Porque agora em Portugal só se formam doutores e engenheiros. Se queremos um canalizador, um pedreiro, um pintor, não há. E porque há nepaleses a viver, 25 ou mais em cada casa, porque ganham pouco.E se quero abrir um negócio tenho que esperar e desesperar, a eles dão-lhe a licença de um dia para o outro. 
 
Mas por que é que não se veem  portugueses a trabalhar onde trabalham nepaleses? 
Ou em muitos outros lugares do país onde trabalham imigrantes não nepaleses?
Na região de Lisboa há imigrantes que possuem qualificações para os lugares que ocupam que muitos portugueses não têm. 
Segundo os sucessivos relatórios anuais do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Humano (acesso gratuito online), Portugal continua a descer no ranking porque pasmou na evolução do indicador da educação.

Aquela gente de Odemira, que fala assim, exagera, não tenho dúvidas, exagera.
Mas que o problema existe, existe.
E Centeno, entre muitos outros que devem saber do que falam, não parece reparar nele.

PATÉTICA

O sol chegou depois de tantos dias pardacentos.

a desafiar-nos para uma recarga de calor e ar puro,

e desandámos dali para de onde vinham promessas tentadoras.

Peixe? 

Desçam, cortem na primeira à esquerda, lá em baixo junto ao rio, à direita, não tem que enganar.

Mas, mau prenúncio, o peixe tinha tido grelha a  mais.

Pagámos, saímos e subimos ao ponto de onde a vista seria magnífica.

 

Descemos e, a meio da descida, o telemóvel ...

... Hum! ... sim , o A.

E o mesmo sol quente, arrefeceu, subitamente, a nossa alma, 

ou a mesma coisa sem nome.


Acordei às quatro da manhã, com uma secura amarga, mas não por culpa do almoço

nem do jantar, qualquer deles desanimados.


O A...

Que afinidades teceram um pequeno grupo, meia dúzia, agora quatro,

a partir de nenhum conhecimento pessoal anterior?

Sem comunhão de credos, clubes ou partidos, nem proximidades nas origens?

Eu era o rural daquele grupo meio citadino.

E desse grupo, foi a A. o primeiro a quem mostrei a autenticidade da minha modéstia ruralidade.

E assim, ou mais ou menos assim, deve ter começado a tecitura da autenticidade do grupo.

 

Do J., o mais jovem, o primeiro a cair,

e agora do A., subsistirá viva a memória com o rebobinar que nos reviverá enquanto viver o pensamento.

 

Por menos que mais tempo.

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Maria João Pires, Beethoven Sonata n.8. Op.13 "Pathétique" Adagio cantabile

Sunday, November 10, 2024

A SUBSTÂNCIA

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  A SUBSTÂNCIA 

Recomendado por várias credenciais, fomos ver, mas saímos minutos antes do fim.

À saída, considerámos o filme repugnante.
Depois quisemos ver algum lado positivo. E de repugnante, não além mas apesar disso, considerámos a obra chocante. Chocante, porque trata um tema que não pode ser ignorado; mas que o realizador aborda com tanto excesso de brutalidade que torna repugnante a sua obra. - A SUBSTÂNCIA
 

Friday, November 08, 2024

O DIA DA FALTA DE VERGONHA

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Anteontem, 6 de novembro, quando foram conhecidos e reconhecidos os resultados das eleições do dia anterior, 5 de novembro, um manto de vergonha cobriu quem foi surpreendido pelos resultados conseguidos por um arruaceiro infame num país onde a expressão livre do pensamento perdura há duzentos anos.
Ontem, 7 de novembro, choveram trovoadas de explicações para o fenómeno político que, afinal, era, mais que esperado, era inevitável. Tão inevitável como as alterações climáticas sem culpa humana.

E o arruaceiro transfigurou-se em salvador de um mundo vicioso, depravado, que perdeu a alma.
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Obs. As fotos colocadas anteontem e hoje são, para mim, de autor desconhecido, razão porque não consigo identificar a sua origem.
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Correlacionado - Em 19 de agosto, cerca de três meses antes do dia das eleições presidenciais nos Estados Unidos da América, J M Tavares escreveu no Público: Entre Trump e o Rato Mickey eu votaria no Rato Mickey.
Em 6 de novembro, dia seguinte aos das eleições, conhecidos os resultados, escreveu isto: Desta vez Trump tem uma equipa. E isso fez toda a diferença.
 
A ameaça medonha que esta contradição anuncia não é o facto de ter sido escrita por J M Tavares. Não. A contradição espraiou-se globalmente revelando um mundo futuro povoado por cobardes subservientes dos autocratas em crescimento imparável. 
Condição a que o Rato Mickey nunca se sujeitará.

Wednesday, November 06, 2024

DIA DA VERGONHA

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Ontem foi o dia do ódio.
 
E confirmou-se a primeira das duas hipóteses: Trump, vencedor em todas as frentes,  é agora detentor de poder quase absoluto sobre os norte-americanos e os que, de um modo ou outro, confiaram nos compromissos assumidos nos tratados, comerciais ou políticos, subscritos pelos representantes máximos que os norte-americanos elegeram.

Hoje é o dia da vergonha.

Da vergonha dos muito instruídos, superiormente habilitados e, supostamente, inteligentes, que foram amplamente derrotados pelos deploráveis, ignorantes, sem formação superior. 
 
Da vergonha da intelectualidade multicultural derrotada pelo supremacismo branco.  

Da vergonha dos democratas europeus, incapazes de enfrentar a ambição imperialista de Putin, protegido de Trump, e suster o alastramento das autocracias que crescem a olhos vistos em solo europeu como há cem anos. 

De vergonha dos que em nome dos democratas europeus se apressam a curvar-se perante Trump e nenhum, nem um somente, se apresenta hoje em Kyiv para estar ao lado do povo ucraniano, em qualquer frente e não apenas em lugares onde ainda subsiste alguma segurança perante os iminentes ataques russos, norte-coreanos, chechenos, e o que mais adiante se verá. 

De vergonha das empresas de sondagens e dos meios de comunicação social que deram amplíssima expressão pública da sua escandalosa incompetência.
 
Das ridículas declarações, nem obrigatórias nem consequentes, feitas em nome dos portugueses, de, entre outros, do Presidente da República e do Ministro dos Negócios Estrangeiros. 

Tuesday, November 05, 2024

O DIA DO ÓDIO

Com noventa e muitos por cento de convicção de acertar, o dia de hoje passará à História do Estados Unidos da América e de todo o mundo livre, aquele onde é livre a expressão pública do pensamento, com particular destaque na História da Europa Democrática, como o DIA DO ÓDIO.

A razão da minha convicção é muito simples: sustenta-se no que afirmou, e continua recorrentemente a reafirmar, Donald Trump.

Se Trump ganha, movido pelo ódio que instilou na metade da sociedade norte-americana que o apoiou e continua apoiar, estilhaça a Europa com a entrega, para começar,  da Ucrânia à voracidade sem freio de Putin. 
Também ficarão estilhaçados muitos dos compromissos assumidos pelos Estados Unidos, tanto a nível interno como internacional.
Poderá, por exemplo, retirar o apoio dos Estados Unidos da América na NATO, incumprindo o artigo 5º. do Tratado? Legalmente, não pode. Mas como podem ser os Estados Unidos da América, incumpridores por vontade de Trump, obrigados a cumprir a lei? 

Haverá diferenças nas consequências brutais entre uma vitória de Trump no Congresso sem maioria no Senado? Sem dúvida, mas as probabilidades dos republicanos passarem a deter maioria no Senado são muito elevadas. Também continuarão a ser muito elevadas as probabilidades do Trump manter o apoio incondicionalmente subserviente da maioria dos Juízes no Supremo Tribunal de Justiça. 
 
Se Trump não conseguir a maioria no Congresso, o mais provável é que se repita, com consequências mais devastadoras para a democracia norte-americana, o assalto ao Capitólio, destruição física da Instituição, símbolo maior da democracia, e eliminação dos que resistirem aos facínoras comandados por Trump. 
Começará então uma guerra civil por intervenção dos generais? A minha convicção não vai tão longe.

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A partir de hoje, o Aliás, que completou há dias 19 anos, só terá continuidade se merecer comentários, críticas, sugestões, correcções, de quem o lê.
Como qualquer veículo, agora só pode mover-se se tiver combustível que lhe permita avançar e boas razões para isso.

Monday, November 04, 2024

DE QUE LADO MORA A IGNORÂNCIA?

Metade dos norte-americanos são estúpidos, ouço dizer a alguém que reside nos EUA há mais de vinte e cinco anos e é, desde também há muitos anos, cidadã norte-americana.

Outra portuguesa, também residente há largos anos nos EUA, experiente na análise dos mercados de commodities, especialmente de cereais - deduzo das frequentes referências ao assunto num blog - afirma que 
 
"As sondagens estão bastante próximas para se saber quem é o favorito, mas com o Trump nunca se sabe se as sondagens são de confiança. Julgo que o mais surpreendente é ver tantas pessoas que ainda o apoiam, especialmente as pessoas mais religiosas. Entretanto, os mercados agrícolas têm estado em queda na expectativa que ele ganhe e recomece a disputa comercial com a China. Quem fica a ganhar é o Brasil, especialmente se Trump for eleito, e a agricultura americana ficará um passo mais perto do fim. Tem piada que Trump receba mais votos das zonas rurais, que acaba por ser quem mais sai prejudicado com a sua política." 
 
É sobejamente conhecido que nos Estados Unidos da América, mas não só porque se passa o mesmo em muitos outros lugares do mundo onde há livre escolha dos seus líderes, é muito frequente os resultados sejam maioritariamente decididos por aqueles que, aparentemente, mais perdem com as suas opções depositadas nos seus votos. 
Hillary Clinton, quando defrontou Trump, considerou "deplorables", deploráveis, que causam tristeza, que inspiram dó, os que se preparavam para votar em Trump. E, talvez mais convictamente ainda, votaram em Trump. E Trump venceu. 

Amanhã há eleições mas os resultados destas serão determinados, tem sido dito e redito, pelos votos dos eleitores nos swing states, que tanto podem cair para um lado como para o outro. São sete, mas o mais determinante, o que enviará mais delegados ao Colégio Eleitoral que elegerá o/a Presidente, é a Pensilvânia. 
Na Pensilvânia votam nos democratas, neste caso em Kamala Harrys, a maioria residente nas áreas urbanas, onde os níveis médios de educação são manifestamente superiores aos residentes, menos instruídos, nas zonas rurais  do mesmo Estado, que votam maioritariamente nos republicanos, neste caso em Trump.

Tanto os com mais como os com menos tempos de escolaridade, são livres de escolher, free will, livre arbítrio, segundo os seus próprios interesses mediatos ou imediatos. Por que razão é que a ignorância dos menos habilitados com informação suficiente que os habilite a escolher o que mais os pode beneficiar se sobrepõe aos votos dos melhor informados?
Por que razão não são os melhor informados capazes de informar seriamente os menos habilitados?

Não sei.
Tu sabes? 
Sabes onde mora a ignorância?

LIVRE ARBÍTRIO* RUSSO AMERICANO NA CAMA

  Anora 


Palma de Ouro do  Festival de Cannes em 2024, com boas apreciações da crítica; fomos ver, ontem.

Escrito e realizado por um norte-americano, Anora é um drama em modo de comédia, muito oportuno num momento em que se, como parece vir a acontecer, Trump for amanhã eleito para um segundo mandato, por livre arbítrio dos norte-americanos. Nunca as relações russo-americanas, ou vice versa, foram tão ternas para ambos os parceiros, e tão preocupantes quanto impotentes para muitos dos que assistem ao desenvolvimento da trama que ameaça terminar, quando não se sabe, de modo trágico.

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Algures, em Nova Iorque, o filho de um oligarca russo, um rapaz de 20 anos, levado pelo free will que uma fortuna imensa incentiva, embala-se em lap dances com uma stripper e enrola-se com ela na cama em non stop-fucking que dura três semanas. 
Ela é usbeque-americana de Brigton Bridge, um enclave russófono na cidade de Nova Iorque. Porque tem conhecimentos rudimentares da língua russa, um dos empresários no negócio de prostituição encaminha-a para o rapaz russo. 
Que de tão entusiasmado com a ocasional relação propõe que se casem em Las Vegas, onde os formalismos são escusados, e o casamento é selado com um anel com um diamante de muitos quilates. 
A história do casamento da prostituta com o filho do oligarca dura apenas o tempo suficiente para, após alguns incidentes rocambolescos, de vulgar comicidade, o oligarca tenha o filho nas mãos e o casamento anulado em três tempos por dez mil dólares. 
Uma ninharia para o oligarca, que levou o filho de volta a casa, na Rússia, para que ele cumprisse o fim para que fora concebido: oligarca, filho de oligarca.
Quanto a Anora, a prostituta usbeque-americana, continuou, por seu livre arbítrio, a deliciar olhares gulosos e desejos insatisfeitos.
Poderia o jovem oligarca ter escolhido, por seu livre arbítrio, outro caminho? Qual e porquê?
Poderia a jovem usbeque-americana ter optado por uma carreira diferente? Actriz, bem sucedida, por exemplo, como na vida real é? Poderia, mas essa seria outra história, por onde o seu livre arbítrio não a conduziu.
*
Livre arbítrio é o poder que cada indivíduo tem de escolher as suas ações, que caminho quer seguir. A expressão é utilizada por diversas religiões, como o cristianismo, o espiritismo, o budismo etc. 
Os deuses querem o bem dos indivíduos; os indivíduos são livres de querer e fazer o quiserem.