Thursday, March 11, 2010

A CULPA DA ALEMANHA

Martin Wolf afirmava ontem no Financial Times, em artigo que transcrevi na íntegra aqui , mais ou menos o seguinte: A integração europeia e uma moeda única forte tendem para a incompatibilidade. Os alemães partem, erradamente, do princípio de que cada membro da União Europeia deve assemelhar-se à Alemanha. Mas, afirma Martin Wolf, a Alemanha possui uma economia fiscalmente disciplinada, um consumo relativamente baixo e uma balança comercial muito excedentária, porque outros procedem ao contrário. Não sendo possível tornar os gregos (e outros) mais alemães a única forma de salvar a União Europeia é os alemães tornarem-se mais gregos.

Martin Wolf, provavelmente o analista económico mais citado em todo o mundo, parte neste seu artigo, do meu ponto de vista, de uma premissa indiscutível mas retira uma conclusão que é menos: globalmente, aos superavits comerciais de uns correspondem défices de igual montante de outros; o desequilíbrio agravar-se-á enquanto os superavitários, neste caso os alemães, se mantiverem poupados e os deficitários, neste caso os gregos, portugueses, etc. consumirem acima daquilo que produzem. A saída encontra-se em decidirem-se os alemães alterar os seus hábitos, aumentando os consumos, a retoma económica depende da retoma da procura global. Indiscutível.
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Contudo, mesmo que os alemães sejam induzidos a consumir mais, e não é líquido que o venham a fazer, nada garante aos gregos que eles, por exemplo, passem mais férias no estrangeiro e escolham preferencialmente as suas ilhas. Só o farão se forem motivados a isso. O que passa pela maior competitividade das produções ( bens e serviços) gregos. E onde se lê gregos, leia-se também portugueses. E isso passa por alterações dos hábitos e das capacidades dos gregos (e dos portugueses).
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Os gregos (e os portugueses) terão de ser mais alemães e não o contrário, senhor Martin Wolf.

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