Ainda há bem pouco tempo, gente preocupada com a dignidade nacional insurgia-se contra as agências de rating, argumentando que lhes faltava idoneidade para avaliar fosse o que fosse e muito menos as dívidas soberanas. Afinal tinham sido essas mesmas agências que haviam classificado como altamente reputáveis fundos de investimentos que viriam a mostrar-se, com o despoletar da crise, largamente contaminados com produtos financeiros tóxicos.
A indignação tinha fundamento mas não tinha o mínimo suporte que a fizesse vingar. Apesar da crise, o sistema continuou na mesma sem necessidade sequer de mudar alguma coisa. E as agências de rating permaneceram imperturbadas a classificar.
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Soube-se hoje que a Fitch reduziu o rating da República Portuguesa de "AA" para "AA-" o que, não sendo uma vergonha nacional, vai aumentar o custo da dívida, que já absorve cerca de 1% do PIB.
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É neste contexto que amanhã será submetido à Assembleia da República um projecto de resolução do PS , sobre o PEC.
O PEC, uma coisa desagradável, tem sido atacado em muitas frentes e sabe-se que suscita também as maiores reservas a muitos membros do partido do governo. Mas sem um apoio claro de uma maioria parlamentar, o PEC será um referencial desvalorizado, que prejudicará a já deteriorada credibilidade da República Portuguesa, e logo no ano do seu centenário.
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O comunicado da Fitch de hoje, para além das consequências desagradáveis, nomeadamente sobre os juros da dívida, pode ter, no entanto, uma virtude: forçar os políticos portugueses a uma trégua na guerrilha partidária e ao consenso à volta de um instrumento vital para a credibilidade externa da centenária. Mais do que quaisquer discursos de circunstância, é desse consenso que a República precisa.
Sem ele, alguns partidos poderão angariar mais alguns votos, mas os juros que esses votos custam serão pagos por todos os portugueses. E, mais uma vez, ficará provado que Portugal, nas actuais circunstâncias, precisa de um governo maioritário pluripartidário formado no âmbito do actual quadro parlamentar.
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