O desemprego continua a aumentar em Portugal* e é, a todos os títulos, o mais preocupante de todos os problemas com que o País se defronta. O crescimento do desemprego é, aliás, a expressão da resultante dos efeitos mais imediatos da crise: a queda do investimento, a redução da procura global, a recessão económica. Pode ocorrer, transitoriamente, crescimento económico sem crescimento de emprego, e é o que provavelmente acontecerá nas economias melhor preparadas para o relançamento pós-crise, mas não haverá crescimento do emprego sem crescimento económico sustentado.
A transição da economia portuguesa, estruturalmente ainda bastante dependente de sectores de baixa tecnologia, para a produção de bens e serviços mais qualificados, necessita ser escolhida por investidores, nacionais e estrangeiros, que sejam atraídos por vantagens relativas. Nos últimos tempos, observou-se uma forte corrente contrária, de deslocalização de indústrias que tinham escolhido Portugal essencialmente pelos custos da mão-de-obra disponível pouco qualificada.
Ouvindo um programa de televisão, de larga audiência, de debate acerca dos problemas e das soluções possíveis para a calamidade do desemprego entre representantes dos trabalhadores e dos empresários, que conclusões pode retirar um possível investidor ao assistir a uma dessintonia completa entre uns e outros? Fugir para outro lado.
É assim que se promove o investimento e o emprego? Que interesse pode ter um programa que atinge o contrário do que se propõe?
----
*Desemprego: Portugal com quarta maior taxa da Zona Euro
Desemprego sobe a 10,5% e diverge da Zona Euro
Portugal nos próximos 5 anos vai manter taxa de desemprego acima de 10%
No comments:
Post a Comment