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E à primeira vista parece ser assim: os países nórdicos, onde o perímetro do Estado é largo, os índices de corrupção são baixos. Contrariamente a esta ideologia, opõe-se outra: a corrupção aumenta com a desigualdade social. E, asseguram estes últimos, a corrupção aumentou entre nós porque "... fomos apanhados numa armadilha social, feita de elevados níveis de desigualdade e dos correspondentes baixos níveis de confiança social ...". Fica, deste modo, perdoada a grande corrupção, geralmente atribuida à direita pela esquerda, absolvida pela ideologia de esquerda.
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Que a desigualdade social é elevada entre nós e tem aumentado, ninguém de boa fé duvida. Estabelecer um nexo de causalidade entre desigualdade social (causa) e corrupção (efeito) é, no entanto, "uma daquelas certezas ideológicas que se arriscam a (parecer) verdade apenas por serem muito repetidas". Porque, se assim fosse, os corruptos sê-lo-iam por necessidade, a corrupção seria pequena e média, os ricos seriam incorruptíveis por não serem vítimas mas algozes da injustiça social. E não é nada assim.
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Há, sem dúvida, um ambiente propício à pequena corrupção em sociedades socialmente deprimidas mas é, sobretudo, a grande corrupção que come o bolo quase por inteiro e dá o exemplo, o sinal, que os mais pequenos podem subtrair também umas migalhas. Em países onde a prática da corrupção é passaporte incontornável para os grandes contratos quem é que abocanha? Os senhores que detêm o poder de decidir.
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A corrupção não decorre da desigualdade social; a corrupção aumenta a desigualdade social. Mais Estado ou menos Estado tem pouco significado neste caso. O Estado pode ter um perímetro reduzido mas se os grandes negócios são dominados por uma clique que detém o poder e está em posição de roubar em proveito próprio e, deste modo, espoliar os seus súbditos, pode haver corrupção em larga escala. Tudo depende do grau civilizacional atingido pela sociedade. Se é baixo, a corrupção campeia e as desigualdades sociais agravam-se.
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O perímetro do Estado pode estar reduzido, neste caso, à massa crítica onde a corrupção altamente compensa. A prática da corrupção passa de forma esmagadora pelos negócios em que os tutores do Estado, directa ou indirectamente, intervêm. O Estado, enquanto entidade abstracta está, neste e em muitos outros casos, sujeito à disputa de interesses por parte daqueles que o tutelam.
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E, neste sentido, quanto mais Estado (não em área mas em massa crítica), mais corrupção.
4 comments:
Há muitos anos na Suécia.
Portuguesa, engª Quimica, que trabalha num departamento do Estado dedicado ao ambiente vai, em serviço, ao ministério do ambiente sueco.
Um sueco leva-a ao refeitório para o almoço.
Numa das paredes há um cartaz escrito em Sueco e ela pergunta o que diz.
"Nâo é aconselhável fumar", diz o sueco.
Bem, diz ela, então posso fumar? Não é proibido.
E o sueco, chocado, responde:
Não, se não é aconselhável, não se deve fumar.
São estas pequenas (grandes) diferenças que existem entre o Estado sueco e outros Estados.
O Estado somos nós, um reflexo da sociedade que somos.
Viva! Seja bem vinda!
É isso mesmo: O Estado somos nós, um reflexo da sociedade que somos.
Obrigada Rui pelo acolhimento e pela atenção.
Sempre foi coisa que não entendi esta coisa de mais Estado ou menos Estado no controlo do desenvolvimento da economia.
Não se tratará mais de elegermos para o Estado melhores governantes e, para isso, tentarmos ser uma população esclarecida, responsável,
participativa e com uma visão de sociedade que não seja limitada à nossa vidinha e à dos que nos são próximos?
Enquanto continuarmos a eleger dirigentes que o querem ser para tratar da sua vidinha e dos que lhes são próximos e não lhes exigirmos que assumam as responsabilidades pelos efeitos dos seus actos só teremos aquilo que merecemos.
Precisamos acabar com a ideia de que se o 'espertalhaço' faz bons negócios na sua vida privada irá fazer, seguramente, bons negócios para o país.
Precisamos acabar com a ideia que certos funcionários públicos são 'intocáveis'.
À semelhança do que já aconteceu com os médicos, é necessário que os juízes deixem de ser aquelas figuras endeusadas que ninguém pode confrontar.
Lembro-me das idas, felizmente poucas, às urgências dos hospitais com os meus filhos e assistir a tratamento dos utentes pelo pessoal médico e de enfermagem completamente inaceitáveis.
Houve uma médica no Hospital da minha zona que quando, depois de esperar na sala durante horas com o meu filho, lhe fiz notar o atraso me respondeu:
"Não está contente, vá-se embora."
Imediatamente lhe lembrei que o ordenado que recebia era pago pelos contribuintes, eu e as dezenas de pessoas que aguardavam na sala e, que se alguém tinha o direito de mandar embora eramos nós e a ela.
As outras pessoas que assistiam olharam para mim com um ar chocado.
Como me atrevia eu a falar assim com a srª Drª?
O comportamento dos utentes dos hospitais tem-se modificado mas, infelizmente para o extremo oposto. Neste momento são necessários policias à porta das urgências.
Infelizmente quando tomamos consciência dos nossos direitos temos tendência a exagerar e exigi-los pela violência fisica.
Espero pelo dia em que alguém diga, sr. juiz, o senhor é um funcionário público pago com o dinheiro dos contribuintes e o seu desempenho da função tem sido lamentável. Ou o seu comportamento muda ou está despedido.
Anos, e anos, e anos, para resolver casos que envolvem pessoas muitas veze com a viada em suspenso não é admissível.
Anos, e anos, e anos para resolver casos que são, convenientemente arquivados por prescrição não é admissível.
Será que ainda vamos a tempo?
"Será que ainda vamos a tempo?"
Não sei, não, cara Amiga A.
A verdade é que são menos exigentes, apresentam menos reclamações, aqueles habitantes de países onde os serviços são de pior qualidade. O que parece paradoxal mas não é porque é a exigência que imprime a qualidade.
Há algum tempo transcrevi aqui no Aliás os resultados de um estudo que iam no sentido que referi.
Somos piores que os Holandeses, por exemplo, porque somos pouco exigentes, reclamamos menos que eles.
Falamos menos do lado de dentro da janela. O meu Amigo ZM contou a fábula do cão, transcrita em filme, no comentário ao post anterior "Conversas ao almoço". Aplica-se bem ao nosso caso.
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