O consumismo é daquelas coisas que quase toda a gente critica mas quase toda a gente pratica.
Reconhecemos, uns mais que outros, que nos enchemos de coisas inúteis e nos matamos com excessos, mas ninguém, que possa ou deva travar, trava. Temos de corrigir o padrão de consumo, diz Rui Vilar hoje numa entrevista publicada no Negócios on line e não diz nada de novo. Diz quase toda a gente o mesmo. “Se todos (no mundo) tivessem o nível de vida de Portugal, eram necessários dois planetas”, afirma Vilar, citando as concluões da World Food Print. Não sei se é verdade mas mesmo que seja apenas meia verdade já deveria ser preocupante. E, geralmente, não é. Estando Portugal aí pelo 30º. lugar de riqueza per capita, um terço da humanidade será a marabunta que consome sem arrependimento o planeta.
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Acrescenta Vilar que "os comportamentos têm de mudar pela força das ideias e do conhecimento que já temos sobre o que estamos a fazer, ... os portugueses terão de corrigir os seus padrões de consumo e poupar mais". Tudo isto é verdade mas não funciona. Os comportamentos não se alteram com discursos. As pessoas reagem a incentivos e os discursos raramente os transmitem. Os Céus e os Infernos foram inventados precisamente com esse objectivo. Se não há incentivos (ou desincentivos, que vão dar ao mesmo) por detrás dos discursos os comportamentos mantêm-se ainda que aos discursos batam palmas.
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Em 1898 realizou-se em Nova Iorque a primeira conferência internacional sobre planeamento urbano. A agenda era dominada pelo excesso de excrementos dos cavalos que transitavam na cidade, um problema comum às grandes cidades do mundo. Um cavalo produz cerca de 10 quilos de excrementos por dia e no princípio do século passado transitavam em Nova Iorque cerca de 200 mil cavalos, produzindo diariamente cerca de duas mil toneladas de estrume. As estrumeiras chegavam a atingir cerca de dois metros de altura, uma pestilência execranda.* Pois apesar do insuportável da situação não foi possível encontrar uma solução para o problema. A conferência foi declarada infrutífera e terminou ao fim de três dias em vez dos dez previstos. A solução chamou-se mais tarde automóvel que viria, por sua vez, a ser um dos fautores das preocupações que estiveram na origem da convocação, este mês, da Conferência de Copenhaga, igualmente fracassada.
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Chegará a tempo uma solução que agrade a todos? Ninguém sabe, por enquanto. O que se sabe é que a trajectória actual carrega riscos elevados mas a sua correcção não se corrigirá só com discursos.
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cit. em SuperFreakonomics
2 comments:
Boa noite.
Aqui está uma das provas de que o nosso atraso e o déficit se deve à baixa produtividade quer pela parte dos trabalhadores, dos agricultores, das donas de casa e até das próprias sopeiras.
Principalmente por culpa destas ultimas que para lavar um prato gastam um litro de água, dois de detergente e cinco esfregões.
Fora o tempo que demoram por causa das tardes da julia, ou da sic radical.
Não menciono os feriados, porque daqui a dias é o primeiro do ano e não convém começar já a azarar.
http://sic.sapo.pt/online/noticias/pais/Manutencao+de+helicopteros+da+FA+e+ruinosa+para+o+Estado.htm
Manutenção de helicópteros da FA é ruinosa para o Estado
A compra dos helicópteros Merlin EH-101 pode revelar-se um negócio ruinoso para o Estado. O contrato de manutenção dos 12 aparelhos vai custar 55 milhões de euros só nos primeiros cinco anos. Muitos helicópteros já estavam parados por falta de manutenção.
Amélia Moura RamosJornalista
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Conservação de helicópteros da Força Aérea é despesa milionária
Notícias País
Portugal comprou os 12 helicópteros EH-101 por mais de 400 milhões de euros, mas no contrato de compra a manutenção ficou esquecida. Os aparelhos modernos rapidamente ficaram obsoletos.
Em 2008 só três dos 12 aparelhos e há um mês, já depois do contrato de mantenção estar em vigor, só metade da frota estava operacional.
Para resolver o problema, o anterior ministro da Defesa, Nuno Severiano Teixeira, resolveu o assunto assinando um contrato de manutenção com a empresa fornecedora dos helicópteros.
Os funcionários que agora a Agusta Westland tem na base aérea do Montijo garantem a manutenção e custam ao estado português 11 milhões de euros por ano.
O contrato foi assinado por um período de cinco anos, o que eleva a factura total aos 55 milhões de euros.
Como o contrato pode ser renovado por mais cinco anos e como não foi criada em Portugal uma alternativa para fazer essa manutenção, é bem provável que a factura continue a crescer.
Caro António,
Concordo inteiramente consigo: É uma vergonha o que se passa (também) com as despesas militares em Portugal. Tem sido assunto tabu e, no entanto, consomem uma fatia importante do OE. Para quê?
Ninguem pergunta, ninguem responde.
Bom Ano!
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