Depois das eleições voltaram as notícias da crise*. A campanha eleitoral, até do lado das oposições, não serviu para debater saídas para os graves problemas estruturais com que o país se defronta mas para o tradicional berreiro de slogans batidos e cabeçudos de carnaval serôdio.
Na pesca de votos, o anzol da demagogia serve a todas as canas porque as causas são fracturantes e dispersam o cardume. Somos todos a favor do emprego, do crescimento económico, da melhoria das condições de vida das populações, da melhor repartição do rendimento, de mais justiça, de melhor educação, de melhores condições de saúde, de mais segurança, etc., somos, enfim, todos a favor de um mundo melhor. Quem é que não é?
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Há dias, o chefe (o chefe, não, o líder, porque até nas palavras somos a favor das melhores) da bancada parlamentar do CDS, interpelado pelos jornalistas a propósito das notícias que davam conta de continuar Portugal a escorregar pelo ranking abaixo do nível de riquesa e a aumentar o número de pobres, respondia o referido líder que os portugueses continuavam a ver degradadas as suas condições de vida em consequência das políticas económicas deste Governo. Interrogado o líder (o líder não, neste caso o coordenador) do bloco de esquerda acerca do tema, respondeu o costume: estamos pior que nunca, e isso era mais que previsível, atendendo às políticas de direita do Governo. O secretário-geral do PCP atribuiu também às políticas de direita as culpas do desastre. Finalmente, o maior partido da oposição acrescentou que o descalabro tem de atribuir-se às políticas erradas do Governo. O PS invocou a crise internacional: estava tudo a ir numa boa, mas a crise trocou-nos os planos. De um modo ou de outro, todos dizem o mesmo quando são Oposição e o inverso quando são Governo. Exceptuando, evidentemente, os que são sempre Oposição, que dizem sempre o mesmo.
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Quem é que pode viver com um salário mínimo de 450 euros, pagar renda de casa, os transportes, a alimentação, a luz, a água, o telefone para uma chamada ou outra? Ninguém, concordam todos. Até o Presidente da CIP, que entende que não deve o salário mínimo ser aumentado.
Ou, se for aumentado, avisa ele, contem com o aumento do desemprego porque grande parte das pequenas empresas (muitas das quais são exportadoras, não vendem produtos vendem minutos de trabalho) irá à falência por falta de capacidade de competitividade nos mercados onde têm de concorrer com chineses, indianos, paquistaneses, etc.
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Que dizem os partidos a isto? Calam-se, porque os trabalhadores atingidos são muitos mas os pequenos empresários também. Ou, quando não se calam, dão uma no cravo e outra na ferradura. Invocam que não se pode continuar a aceitar uma economia suportada na mão-de-obra barata e correm para os portões das fábricas que encerram a juntar às lágrimas dos despedidos as suas de crocodilo.
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Assistimos a um combate que não é ideológico, ou se o for, é no mau sentido, nem democrático: é um combate demagógico que só pode conduzir à continuação da queda.
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Delphi vai despedir 500 trabalhadores na unidade da Guarda
A Delphi e os sindicatos confirmam a intenção de reduzir para menos de metade o número de trabalhadores da unidade de cablagens na Guarda.
A Delphi e os sindicatos confirmam a intenção de reduzir para menos de metade o número de trabalhadores da unidade de cablagens na Guarda.
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Portugal é o país da União Europeia com maior desigualdade na distribuição de rendimentos, de acordo com um relatório apresentado quinta-feira em Bruxelas.
Segundo o Relatório Sobre a Situação Social na União Europeia, de 2007, os rendimentos são repartidos mais uniformemente nos Estados-membros que nos EUA, excepção feita a Portugal. Até países do Alargamento, como Polónia, Letónia e Lituânia estão ao nível dos EUA.
O nosso País é aquele em que o fosso entre os 20% mais ricos e os 20% mais pobres é mais largo. O mesmo acontece entre os 10% mais ricos e os 10% mais pobres, sendo que, em Portugal, quase um milhão de pessoas vivem com menos de dez euros por dia. Estamos a falar de 9% da população nacional quando nos restantes países da União a média é de apenas 5%.
Segundo o Relatório Sobre a Situação Social na União Europeia, de 2007, os rendimentos são repartidos mais uniformemente nos Estados-membros que nos EUA, excepção feita a Portugal. Até países do Alargamento, como Polónia, Letónia e Lituânia estão ao nível dos EUA.
O nosso País é aquele em que o fosso entre os 20% mais ricos e os 20% mais pobres é mais largo. O mesmo acontece entre os 10% mais ricos e os 10% mais pobres, sendo que, em Portugal, quase um milhão de pessoas vivem com menos de dez euros por dia. Estamos a falar de 9% da população nacional quando nos restantes países da União a média é de apenas 5%.
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