Thursday, October 08, 2009

CONVERSAS AO ALMOÇO

- Então que me diz dos resultados das eleições?
- Digo-lhe que parece que ficou tudo ainda mais confuso numa altura em que se precisava de determinação para enfrentar a crise dupla.
- Somos governados por gente de segunda, é o que é. Gente que vem das jotas, que nunca fez nada a não ser política de colagem de cartazes.
- Os outros não aparecem. Queixamo-nos dos empresários que temos, queixamo-nos dos políticos que nos governam, mas esquecemos que aqueles que julgamos mais capazes não arriscam ser nem uma coisa nem outra.
- Eu vou votar no Isaltino. Dizem-me que ele roubou mas também me dizem que todos roubam.
- Todos, é sempre um exagero.
- Mas entre um que rouba mas tem obra feita e outro que não rouba mas não apresenta nada, em quem devemos votar?
- Talvez em alguém que seja honesto e competente.
- Quem é esse?
- Não sei...
- Nem eu.
- Mas acredito que exista. Não há nenhuma evidência de que só é competente quem é desonesto.
- Lá está: se existe, não aparece.
- Talvez apareça mas não damos por ele.
- Então é incompetente á partida.
- Ou nós somos pouco perspicazes.
- Eu não me queixo do Isaltino, queixo-me da justiça.
- Também eu. Mas a justiça frouxa que temos é o resultado da falta generalizada de força de valores que sustentam as sociedades dignas. Tudo começa nos cidadãos, e muito sobretudo nas elites, naqueles que ao degenerarem os valores éticos e morais banalizam a corrupção de governantes.
- E há saída?
- Se não descobrirmos outra a tempo, haverá sempre uma no fundo do buraco.

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