Sunday, October 04, 2009

CONVERSAS AO ALMOÇO

- É lamentável, claro que é lamentável, mas é disso que o povo gosta. Quem não faz o mesmo é esquecido. O povo não quer saber de políticas, quer divertir-se. Se lhe põem música, dança.
- Mas era uma coisa abominável. Montaram um palco num camião, voltado para a entrada do mercado, e vomitaram em altos berros horas seguidas de música pimbo-brejeira.
- A maioria gosta, quem não dá música não leva votos. É sempre assim. Já nas eleições anteriores lá esteve o mesmo conjunto.
- Depois é este delírio de carros equipados com altifalantes a berrarem rua acima, rua abaixo. E sempre as mesmas músicas nos intervalos de propaganda estafada com que os circos arruinados promovem os seus artistas.
- Fazem todos o mesmo.
- E todos gastam milhares em "outdoors" com as fotografias de gente que fica geralmente mal nos retratos. Quem é que entra com tanto dinheiro, e com que propósito?
- Não se sabe. Não se sabe mas desconfia-se.
- Ninguém dá nada sem ficar à espera de reembolso.
- A culpa é do povo.
- Não. A culpa é das elites. A culpa é desta gente que se candidata, arvorados pelos partidos em função da sua tenacidade para se instalar na rede de conivências. E se para se alcandorarem ao poleiro tiverem de vender a alma ao diabo, não hesitam e prestam-se ao que for preciso
- E o que é que se pode fazer?
- Exigir transparência nas contas. A justiça, se funcionasse, poderia moderar em grande parte este histerismo que faz dos eleitores uma socidade de mentecaptos. As contas dos partidos deveriam ter divulgação pública obrigatória. Os cidadãos deveriam saber quem paga quanto para poder ajuizar para quê. O Tribunal de Contas deveria penalizar em tempo oportuno os transgressores.

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