Sunday, January 25, 2009

BANCOS & BATOTAS


4 comments:

Luciano Machado said...

Segue o comentário recebido por email do DV:
Não discuto " argumentos" ideológicos. O que está em causa é saber do ponto de vista teórico qual dos " sistemas" , concorrência perfeita (teoria da perfeicão do mercado) ou economia planificada ( base teórica da economia socialista) optimiza simultaneamente a afectação dos recursos e a distribuição da riqueza. Dois teóricos " antaganónicos" - O. Lange e ..Taylor - concluiram , teoricamente, que ambas são igualmente eficientes. A questão é que a concorrência perfeita, se existiu .. jamais volta a existir,e a economia planificada (parcial em alguns países da Europa e "totalitária" nos países de leste) pode vir a renascer em termos democráticos. Acresce que o MPC na sua fase monopolista/ oligopolista pode conseguir " optimizar " a afectação dos recursos, pelo menos na perspectiva do capital, mas deixa a optimização da distribuiução da riqueza para as calendas gregas. Como é possivel que uma quebra doPIB de v.g. 5% , provoque o pânico? Não entendo.Dou 5% do meu rendimento para salvar a Pátria.


Quanto à BANCA: a palavra CONFIANÇA foi elevada ( não eleita) em BEM PÚBLICO. Mas se é o Estado que garante a confiança, por maioria de razão a criação monetária ( fazer do nada tudo ) só pode ser da "COMUNIDADE/ESTADO" .
Aguardo o contraditório, mas não a conversa da treta.

Luciano Machado said...

A ideia de uma planificação descentralizada, embora se mantenha meramente teórica, foi trabalhada por Oskar Lange nos anos 30 e preconiza uma transformação profunda das relações de propriedade num sentido socialista, não necessariamente por via não democratica. Refutando teoricamente os argumentos de Mises e Hayek, demonstrou que o modelo de economia socialista planificada era tão ou mais eficiente que o modelo capitalista de mercado.
Do facto de não existirem experiências reais deste modelo, não pode inferir-se a sua inviabilidade prática.

Rui Fonseca said...

Caro DV.,

"Não discuto " argumentos" ideológicos. O que está em causa é saber do ponto de vista teórico qual dos " sistemas" , concorrência perfeita (teoria
da perfeicão do mercado) ou economia planificada ( base teórica da economia socialista) optimiza simultaneamente a afectação dos recursos e
a distribuição da riqueza."


Quanto aos argumentos ideológicos, Caro DV, eu estarei sempre em
dificuldade para os defender porque nunca servi nenhuma. Tenho
sobretudo dúvidas e a minha intenção ao escrever é, tão claramente quanto sou capaz, expô-las.

Quanto à discussão que propões do ponto de vista teórico, ela terá
forçosamente de sustentar-se na história económica porque não há modo de confirmar qualquer teoria senão através da experiência e esta, no campo social, não podendo ser objecto de simulação em laboratório, tem de socorrer-se da análise do passado.

Ora o que sabemos é que as conclusões teóricas que dão como igualmente eficientes a economia de mercado e a economia planificada não só não
foram confirmadas historicamente como a história económica demonstra
que a economia de mercado é mais eficiente que a economia planificada.

Sabes, Da, que é assim. Daqui podermos concluir que tanto as
teorias de Lange como Taylor
estavam erradas. Temos de procurar outras.

Acresce ainda que tanto a concorrência perfeita como a planificação total são dois modelos que não servem a qualquer teoria que possa ser
validada pela simples razão de que são inexequíveis na prática.

Não deixa, aliás, de ser curioso que o "socialismo científico" que
Marx perseguiu tenha dado lugar, hoje, junto dos seus novos
admiradores, a uma discussão eminentemente dialética e a condenação dos modelos quantitativos que os neo-clássicos têm vindo a desenvolver. Se alguém coloca a discussão teórica do lado ideológico são os neo-marxistas.

"Como é possivel que uma quebra do PIB de v.g. 5% , provoque o pânico?"

A quebra do PIB não é uma causa mas uma consequência. E, meu caro
Vieira, tu sabes melhor que eu, que nunca trabalhei no sector
bancário, que o sistema financeiro que conhecemos hoje sustenta-se na
confiança. Se ela se rompe as consequências podem ser terríveis e, lamentavelmente, se toda a gente do diz, deve ser verdade. Que achas? Não se trata de uma eleição ou elevação mas de uma percepção geral.
Tu sabes bem que a confiança não se elege nem se decreta, ganha-se e
perde-se. E não acredito que tu não valorizes o factor confiança como sustentáculo do sistema financeiro.


"Mas se é o Estado que garante a confiança, por maioria de razão a
criação monetária ( fazer do nada tudo ) só pode ser da
"COMUNIDADE/ESTADO"


E é. Compete ao Banco Central (no nosso caso ao Banco Central Europeu)o contro do nível de crédito concedido, utilizando os meios ao seu
dispor.

Acontece que, como sabes bem, a banca o que gere (ou deve gerir) é o risco do crédito concedido. E, neste caso, a experiência demonstra que a monopolização tem efeitos perversos.

Eu nunca trabalhei na banca mas durante vários anos tive
responsabilidades profissionais que me colocaram muito próximo de
várias instituições financeiras, nacionais e estrangeiras. Só uma vez tive pela frente um candidato a ser corrompido: Aconteceu na banca do Estado em 1980. Como não aceitei pagar, paguei redobradamente nas dificuldades que o "candidato" nos veio a impor e que, irremediavelmente, comprometeram o projecto que o banco se propõs financiar depois de o ter aprovado em concurso que abriu para o efeito.

Um abraço

Rui

PS - Evidentemente que cometo erros de raciocínio. É por isso que
escrevo. Para que alguém tenha a bondade de mos apontar.
Porque, como dizia B J Caraça, "se não receio o erro é porque estou
sempre disposto a corrigi-lo"

Rui Fonseca said...

"Do facto de não existirem experiências reais deste modelo, não pode inferir-se a sua inviabilidade prática."

Caro Luciano,

Claro que não mas também não pode ser confirmado. E não podendo não
são teorias mas hipóteses.

E todas as hipóteses são possíveis. Até a imortalidade do homem: pelo facto de até hoje não ter sobrevivido ninguém não está demonstrado que isso não possa acontecer talvez num futuro longínquo.

Depois dos "teóricos antagónicos" terem concluido no mesmo sentido porque razão a economia planificada socumbiu alguns anos depois das teorias que vocês citam terem sido publicadas?

Admites que Lange e Taylor manteriam as suas teses depois dos acontecimentos em finais de 89 começos de 91?

Se houve um momento em que os soviéticos superaram os EUA esse momento ocorreu em 4 de Outubro de 1957 quando a URSS lançou o Sputnik
adiantando-se aos norte- americanos no projecto de exploração do espaço.

Uma explicação plausível - Estavam em concorrência e esta foi melhor explorada pela URSS.