A aquisição por Isabel Santos, filha do presidente angolano, de 9,69% do BPI ao BCP não é um negócio inesperado tendo em conta a posição crescente da família Santos em algumas empresas portuguesas, e nomeadamente no BCP, e da crise que este banco, já vulnerabilizado pelas ocorrências internas recentes, também tem de enfrentar.
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Não sendo um negócio inesperado é, contudo, algo inconfortável por envolver, directa ou indirectamente os dignatários de um regime que, mais tarde ou mais cedo sossobrará.
Porque nenhuma oligarquia alguma vez teve um fim sossegado.
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Que uma parte importante do sistema financeiro português esteja a cair a pouco e pouco na alçada de posições politicamente muito vulneráveis, parece preocupante.
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Houve um tempo em que as tropas portuguesas marchavam ao som de "Angola é nossa!". Obviamente, não era. O óbvio, nestas coisas, leva sempre algum tempo a revelar-se.
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O facto da Santoro Financial Holding, detida por Isabel dos Santos, ter comprado a posição de 9,69% que o BCP detinha no Banco BPI é, segundo a Espírito Santo Research, positivo para este último e poderá gerar cenário de fusões e aquisições no futuro. O CaixaBI considera a operação benéfica para ambos os bancos.
Angolanos no BPI: bom ou mau?
Angolanos no BPI: bom ou mau?
8 comments:
Boa noite.
E então?
É ou não tempo de deixarmos andar as coisas sem preocupações sobre quem é quem e de de onde lhe vem o que tem?
Ou antes destes, tínhamos iguais preocupações ou preconceitos sobre quem era quem e de onde lhe vinha o que tinha?
De quem é o restante?
Se houver um banco português em Angola gostamos muito que os angolanos sejam clientes, mas se houver aqui um banco angolano, vade retro?
Até nem gosto muito de pretos e destes em particular, muito menos.
E os brancos, os de cá?
São melhores?
Olá António, boa noite!
Pois a mim a questão da cor não se põe: há ditadores de todas as cores.
O que penso é que a progressiva presença da família Santos no sistema financeiro português, via BCP, pode ter consequências perversas futuras.
Imagine que um dia destes, outro governo de Angola manda congelar as contas dos actuais senhores do país?
Teremos um problema diplomático e uma confusão de poder interno no BCP, não?
Uma coisa diplomática? Desde que não congelem mais nada...
E se um dia um chinês se aborrece com o Stanley?
Não pode ser o mesmo problema?
Sabe o que lhe digo?
Mal empregado.
Por mim, era já.
Caro António, boa tarde!
Não podemos comparar o Staley com a Isabel Santos e, já agora, nem o regime angolano com o chinês.
O que eu penso é que, é uma questão de tempo, o pai da Isabel se não sair pelo próprio pé acabará por sair à força. E, nesse dia, haverá ajuste de contas. A guerra acabou em Angola, felizmente, mas nada garante que as contas tenham sido saldadas.
A família Santos tem-se apropriado descaradamente de uma riqueza imensa numa terra com muita gente a viver miseravelmente. Geralmente estas situações acabam (ou recomeçam) à pancada.
Leio no Jornal de Negócios On Line:
"A entrada de Isabel dos Santos no capital do BPI "reforça a estabilidade do banco e não o contrário". A posição é de Fernando Ulrich, presidente da instituição, que desta forma refuta qualquer possibilidade de a compra de 10% do grupo por parte da filha do presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos, poder levar o BPI a uma operação de concentração.
"Pelo contrário, ter accionistas fortes, que são parceiros do banco, reforça a estabilidade", sublinhou o banqueiro em declarações ao Negócios.
Para Ulrich, o facto de a Santoro Financial Holdings ir adquirir a posição que era do BCP, "é uma manifestação de confiança no meio de uma crise como esta". E permite ao BPI ficar "com uma base accionista com representantes muito qualificados e muito fortes de países com os quais Portugal tem relações económicas muito fortes". O facto de o La Caixa, maior investidor do banco, estar a reforçar a sua participação até aos 33% é considerado uma "coincidência"."
Poderia Ulrich dizer outra coisa?
Disse o óbvio que as circunstâncias lhe consentem.
Mais...
"Manuel Vicente é vice-presidente da Fundação Eduardo dos Santos e presidente da Sonangol. José Leitão foi chefe da Casa Civil da Presidência da República e tem a 'holding' GEMA que é sócia da Central de Cervejas e da Escom na fábrica de cimentos Palanca. Já Isabel dos Santos é filha de Eduardo dos Santos e possui interesses empresariais que vão dos diamantes à banca, passando pelas telecomunicações.
E a lista continua. João de Matos foi chefe do Estado-Maior das Forças Armadas Angolanas e tem a empresa Genius, com interesses referenciados nas minas, electricidade e Bellas Shopping Center. José Pedro Morais (ex-ministro das Finanças), Kundi Paihama (ministro da Defesa) e Pedro Neto (Estado-maior da Força Aérea) partilham a Finangest, 'holding' com interesses nos transportes, construção e segurança.
Mais ainda. Higino Carneiro (ministro das Obras Públicas) é tido como accionista da Sagripek, com actividade da agricultura e agro-indústria. Desidério Costa, ex-ministro dos Petróleos é sócio da Somoil, a primeira empresa privada a entrar na exploração de petróleo. E Noé Baltazar, ex-presidente da Endiama, tem interesses nos diamantes, alguns dos quais em associação a Isabel dos Santos.
O que liga todas estas figuras? A resposta é óbvia - as ligações ao poder. Todos os grupos foram construídos numa lógica de maior ou menor proximidade a José Eduardo dos Santos, que ocupa a presidência do país desde 1979. Num quadro de guerra civil e de manutenção do MPLA no poder, política e negócios misturaram-se fatalmente. Mas entre as inúmeras ligações referidos de actuais ministros e ex-governantes que aproveitaram os cargos políticos para criarem grupos privados, são nulas as ligações directas a José Eduardo dos Santos. Do Presidente da República sabe-se apenas que confia uma boa parte da gestão do património da família a Isabel dos Santos.
A par desta relação filial, o líder angolano tem outras figuras que fazem parte do seu círculo de confiança. Uma delas é Manuel Vicente, o presidente da poderosa Sonangol e tido como um eventual sucessor de Eduardo dos Santos. Outro é Noé Baltazar, ex-Endiama. E a estes juntam-se históricos do MPLA como Kundi Pahiama e Higino Carneiro.
A partir do Palácido da Cidade Alta, o Presidente da República comporta-se sobretudo como um gestor de sensibilidades, atento a todos os movimentos. E ao que se diz tem sido um dos defensores da aproximação de Angola a Portugal, contrariando parte da nomenclatura do país. E por isso, esta entrada de Isabel dos Santos no BPI é também um sinal político para o interior de Angola."
Angola é deles. Portugal vai a caminho.
E mais...
"Isabel dos Santos? "É muito fria, muito discreta, muito inteligente e tem uma profunda noção estratégica das coisas". Os superlativos são debitados, do lado de lá do telefone, por um empresário português com interesses em Angola. "E além disso é uma grande negociadora. Entrou no BPI em boa altura, comparando com a Sonangol, que já perdeu 800 milhões de euros com a posição que tem no BCP" remata, por entre risos perceptíveis.
A frieza de Isabel dos Santos foi herdada, porventura, pela via materna. A primogénita de José Eduardo dos Santos é filha de Tatiana Kukanova, uma russa com quem o actual Presidente da República de Angola casou quando foi bolseiro em Baku, ex-URSS, actual capital do Azerbeijão.
Isabel viveu muitos anos em Londres com a mãe, onde se licenciou em Engenharia Electrotécnica, e a primeira ocupação profissional que se conhece foi a de consultora da Sonangol. A África Monitor, uma publicação portuguesa de circulação restrita, traçou-lhe assim o perfil. "Boa formação académica de base. À vontade no mundo dos negócios e sem atracção pelo mundanismo. Por exemplo, costuma instalar-se numa suite de um dos melhores hotéis de Lisboa, rodeada de mordomias que expressamente solicita, mas evita ou declina aparecimentos em público". Este comportamento de Isabel dos Santos é confirmado por quem vive em Luanda. "Simples, simpática e sem ostentação" são, desta vez, os adjectivos usados. Vive na zona da Mayanga com o marido, o congolês Sindiko Dokolo e "é vista nos restaurantes, sem segurança aparente. Ao contrário dos irmãos (Tchizé e José Filomeno), não gosta de aparecer na televisão", avalia este interlocutor. A política também não cativa. "Senão podia ser deputada, como aconteceu com a irmã e a madrasta [Ana Paula dos Santos]", acrescenta. Agora, quando vem a Portugal, diz-se que fica instalada num apartamento que comprou junto ao El Corte Inglês, em Lisboa.
Isabel dos Santos tem 35 anos e cara de menina. Mas os negócios onde está envolvida são muitos e para gente crescida. Começou por gerir o Miami Beach, um clube de praia na ilha de Luanda, mas rapidamente passou para os sectores dos diamantes e das telecomunicações. Na banca, antes do BPI, já possuía uma participação de 20% no Banco Espírito Santo Angola e de 25% no BIC Português, onde tem como sócio Américo Amorim. Enquanto ela colecciona interesses empresariais, o marido, Sindiko Dokolo, faz as vezes de mecenas. "É muito civilizado e investe loucuras na promoção de artistas africanos", afirma uma fonte que conhece o casal. As participações financeiras de Isabel dos Santos estão concentradas na 'holding' GENI, mas o primeiro passo para consolidar o seu estatuto de empresária aconteceu em 1997. Nesse ano criou a empresa Urbana, a qual ganhou o contrato para a limpeza e saneamento da cidade de Luanda. Posteriormente, entrou no negócio dos diamantes pelas mão de Noé Baltazar, então presidente da Endiama e uma das figuras que faz parte do círculo de confiança de José Eduardo dos Santos. É assim que, segundo a África Monitor, tem participações na Sodian e na Ascorp, duas empresas que se dedicam à comercialização de diamantes e onde também são sócios a Endiama e Noé Baltazar.
Isabel dos Santos é ainda referenciada como accionista da Angola Mining Corporation, que detém a concessão diamantífera do Camuté. E controla 25% da Unitel, a maior operadora móvel angolana, onde a PT possui uma participação igual. O "Público", na sua edição de 20 de Julho de 2007, refere também que a empresária e o seu marido são sócios, com 35%, da Green Cyber, uma empresa fundada por Pedro Sampaio Nunes, que quer construir uma biorefinaria em Sines. A compra de 9,69% do BPI? "Foi um passo feliz e difícil porque há sensibilidades políticas que não gostam de Portugal", conclui o interlocutor inicial"
Filha rica, rica filha.
Pois é tudo muito lindo mas toda essa narrativa está manca.
Faltam os testas de ferro dos seus interesses em Portugal.
Testas de ferro, afilhados, padrinhos e demais família.
De Angola para Portugal, votos de um ano novo cheio de propriedades.
Era assim e adapta-se a mensagem.
Quando rebentar a castanha, não terão o graveto na conta n.º de um banco suiço.
Estará dinheiro em muito sítio e onde não se poderá congelar.
Sabem muito disto...Sabem-na toda.
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