Thursday, November 06, 2008

O PREÇO DA MARMELADA

Em tempos de crise ou de confusão há sempre quem ganhe quando todos os outros perdem.
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No caso do BPN, até prova em contrário, ganharam os infractores. Tal como no BCP, e, muito provavelmente, em muitos outros casos, menos mediáticos ou até secretos.
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Ganharam os que se aproveitaram das manobras ilegais, umas já conhecidas, sem que até agora tenha havido penalizações, outras suspeitas, para as quais, avisam as autoridades, precisam ainda muito tempo para averiguações. Uma charada para iniciados.
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Entretanto, os sonsos bonzos reguladores continuam metidos em copas. Inamovíveis, segundo dizem, mesmo que durmam a vida inteira a sono solto.
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Prejudicados, há muitos mas dispersos, sem capacidade de moilização na defesa dos seus interesses: os contribuintes, a quem no fim de contas será apresentada a factura, a pagar sem reclamar.
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Na factura, para além daquilo que ensacaram os hábeis banqueiros, os juros generosos com que atraiam depositantes pelo cheiro da marmelada. Entre eles, a Segurança Social, terá confiado a quem não era há muito tempo de confiança, qualquer coisa como quinhentos milhões de euros.
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Se no fim de contas, e tudo leva a crer que assim seja, a situação privatizada for negativa, aqueles que, por serem mais prudentes, não entregaram as suas economias à guarda do bandido, acabarão por pagar, sob a forma de impostos os superjuros pagos pelo ele enquanto durou a sua estrondosa actividade. Espera-se, pelo menos, que a marmelada seja, entretando, dada por esgotada.

3 comments:

A Chata said...

Um dos problemas é que os 'marmelos' usados são quase sempre os mesmos.
Dé uma olhada pelos orgãos sociais das empresas e começa a notar uma repetição dos mesmos nomes.

Dê uma olhada aos curriculos de alguns nomes conhecidos e veja como se repete a andança de empresa em empresa com passagens por cargos governativos.

E esta gente percebe de tudo.
Tão depressa são administradores de empresas de telecomunicações para logo de seguida administrarem empresas de combustiveis.
Temos que admitir que isto até pode ser chato porque estão constantemente a encontrar-se e a reencontrar-se nos empregos (isto no caso em que as funções obrigam a passar algum tempo na empresa em causa).
É chato também, para alguns, aqueles periodos em que o governo é do outro partido e têem que penar em 'prateleiras douradas' até às eleições seguintes...
Mas, enfim, há sempre a vantagem, para além das mordomias dos cargos, das indemnizações e das pensões de reforma que se vão acumulando.


Posso pedir-lhe um favor?

Explique-me o que faz exactamente um presidente de assembleia geral de uma empresa.
Quais são as funções e o tempo que este cargo deve ocupar.
Esta função é remunerada?
Descobri alguém, que para além de outros cargos (alguns de presidência de fundações), é presidente da assembleia geral de, pelo menos, 7 empresas e ainda tem tempo para escrever livros...

Rui Fonseca said...

Cara Amiga,

Vou tentar responder, sucintamente, ao que me pergunta:

O que faz exactamente um presidente de assembleia geral de uma empresa?

Pois, como o nome do cargo indica, preside e coordena as intervenções da assembleia geral, geralmente uma vez por ano, altura em que se discutem e aprovam as contas e outros pontos de interesse relevante para a empresa,e que, estatutariament ou não, sejam incluidos na ordem de trabalhos.

Quais são as funções e o tempo que este cargo deve ocupar.

As funções são as de moderador das intervenções e coordenador dos trabalhos, garantindo que decorram em conformidade com a lei e os estatutos da sociedade.

Esta função é remunerada?

Geralmente, é remunerada. A remuneração é fixada pela Comissão de Vencimentos.

Não sei se respondi a todas as suas dúvidas. Se não, não hesite em voltar ao assunto.

A Chata said...

Muito obrigada pelo esclarecimento.

Boa profissão esta.
Umas horitas por ano dão direito a uns 'metros' de curriculo além dos 'conhecimentos pessoais interessantes' que deve proporcionar.