Sunday, November 02, 2008

INEVITÁVEL

O conselho extraordinário convocado para hoje pelo PM decidiu, conforme ontem prevíamos, o pagamento no vencimento das dívidas do Estado. Oxalá não se enrede agora em regulamentos que acabem por esgotar o mérito da medida e a descrebilizem para o futuro. Trata-se de uma injecção de 2,5 mil milhões de euros na economia, que se evaporará se o Estado não mantiver a política agora decidida e deixar-se voltar à prática de mau pagador que sempre o caracterizou no passado. Para que tal não aconteça, deveria ser assumido um compromisso político na Assembleia da República sob a forma de uma decisão legislativa com carácter obrigatoriamente permanente. Será que a Oposição, à direita e à esquerda, pega na questão para vincular este governo e os que lhe sucederão? E ao mesmo tempo regulasse as normas de apresentação das contas do Estado para que termine, de uma vez por todas, as discussões acerca das manobras contabilísticas dos executivos?
.
Outra decisão inevitável foi a nacionalização do BPN. Também já aqui previramos essa inevitabilidade a partir do momento em que passou a ser do conhecimento público alguns dos actos e factos escandalosos com que o governador do Banco de Portugal contemporizou, neste e todos os outros casos que estão há longo tempo em apreciação. A medida só será inteiramente aceitável se forem os accionistas chamados a repor os valores dolosamente retirados ao banco e se o governador do BP tiver o bom senso e ainda alguma verticalidade para pedir a sua própria substituição.

4 comments:

António said...

Boa noite.

""e se o governador do BP tiver o bom senso e ainda alguma verticalidade para pedir a sua própria substituição""

Isso era se o homenzito fosse um pouquito vertical. Como não é, vai deixar-se ficar por lá a fazer favores a quem deve. São devedores uns dos outros e como tal, pagam-se.Uma mão lava a outra, costuma-se dizer.
Já os accionistas serem obrigados a pagar o que "desviaram" é coisa que não se deve fazer que é como quem diz, não se deve dar tiros nos pés.
Concorda, ou acha que devia ser tudo mandado para a pildra e fechar a barraca?

Rui Fonseca said...

"Concorda, ou acha que devia ser tudo mandado para a pildra e fechar a barraca?"

Caro António,

Eu não quero acreditar que todos os que governam a banca em Portugal tenham praticado actos gravemente dolosos que impliquem a sua prisão. Nem sequer falei disso.

O que disse é que, aqueles que se apropriaram abusivamente daquilo a que não tinham nem legal nem moralmente direito, devem repor o que retiraram.

António said...

Meu caro Rui, (hoje trato-o assim, não leve a mal),

Parece que o assunto em questão não envolve "os que governam a banca". Não generalizei.
Parece-me que neste caso do BPN, trata-se mais de uma quadrilha do que de gente de bem. Não sei porque se há-de andar com paninhos quentes e pegar nisto com a ponta dos dedos.
Esta gente não tem escrúpulos, como tal apurem-se as verdades e os responsáveis pelo saque e tratem-se de acordo com as normas.
Se houve apropriação e desvio para outras paragens de bens próprios e muito mais de outrem, isso é roubo.
O que se faz a quem rouba um creme num supermercado ou a uma freira que não paga bilhete de autocarro por não ter dinheiro? Prende-se e manda-se ao juiz.Estão estes tipos acima da lei, ou não convém mexer muito?

Rui Fonseca said...

"Se houve apropriação e desvio para outras paragens de bens próprios e muito mais de outrem, isso é roubo".

Meu Caro António,

Cem por cento de acordo.

Escrevi vários post sobre o comportamento do governador do Banco de Portugal. Se tiver curiosidade bastante, basta clicar no label BP deste post.