Sunday, April 24, 2016

E, DEPOIS DOS MORANGOS?

A capacidade de manobra do PR depende do nível de popularidade que dispõe para poder intervir nos momentos em que a necessidade dessa intervenção se impuser. Foi este, a contrario sensu, o argumento encontrado pela generalidade dos comentadores políticos para explicar a incapacidade política de Cavaco Silva para intervir quando os interesses do país o exigiam. 

Não foi, contudo, sobretudo a impopularidade do anterior PR que lhe limitou a capacidade e a credibilidade de intervenção mas o seu apoio, ou como tal assim apercebido pela opinião pública, ao anterior governo, apesar do relativamente elevado número de diplomas legais que remeteu para apreciação do Tribunal Constitucional. A opinião pública, que muito maioritariamente imputou culpas ao governo pelas consequências das medidas de austeridade adoptadas, impostas ou não pela troica, inscreveu Cavaco Silva no mesmo cartório de responsabilidades, e a impopularidade do PR foi alinhada pela do governo. 


Esta semana o PR Marcelo Rebelo de Sousa continuou a sua missão de redução do défice de esperança dos portugueses. No Alentejo profundo conviveu, beijou e petiscou com as populações. Apanhou morangos e foi entrevistado no meio do morangal. A sua popularidade continua a subir, situando-o nos antípodas da queda do seu antecessor. Mas à pergunta sobre o que pensa da intenção de retaliação do governo de Angola ao diploma, com incidência na desblindagem dos direitos de voto no BPI, que ele promulgou, porque, segundo esclareceu, não havia alternativa, respondeu que não tinha mais nada a acrescentar.  

Foi prudente.
Mas até quando é que a evolução da conjuntura lhe permite resguardar-se atrás da prudência do silêncio entre os morangueiros?  As ameaças que rodeiam o país não se dissiparam e a crise do sistema financeiro emerge agora a níveis assustadores. Que fará ele, quando as circunstâncias o exigirem, com tamanha popularidade?

Lê-se no Expresso deste fim-se-semana:

"Entre 2010 e 2015, o Estado português gastou cerca de 7% do PIB em apoios ao sector financeiro. Segundo dados reportados pelo INE ao Eurostat, foram 12,6 mil milhões neste seis anos. Só em 2015 os gastos ascenderam a 2,8 mil milhões, que representam 1,6% do PIB e que, sem eles, o défice teria ficado abaixo dos 3% o ano passado ... Desde 2008, a factura com juros ascende a 2,6 mil milhões, o grosso a partir de 2011. "Para o montante de juros pagos atribuídos a 2015 concorrem, principalmente os custos suportados com o financiamento das injecções de capital na Caixa Geral de Depósitos entre 2007 e 2010, e do Novo Banco em 2014, e os juros suportados com o financiamento das operações dos veículos criados para gerir os activos problemáticos do Banco Português de Negócios", explica fonte do Banco Central".

Na mesma edição do Expresso um aviso: "Se for preciso um orçamento rectificativo para salvar os bancos, o PCP sai fora". "Já o BE estuda uma "proposta técnica" para banco mau, de forma que proteja o erário público e os contribuintes, e que faça arcar perdas a quem deve arcar perdas por aquilo que fez"

Certíssimo!
Como é que isso se faz?
    

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