Friday, October 31, 2014

O CANTO DO COSTA

Não vi a transmissão da discussão inicial do OE na AR, vi apenas as peças transmitidas no jornal  da Sic Notícias. Mas presumo que o que vi é amostra representativa da forma como decorreu o debate. 
O sr. Passos Coelho tinha dado o flanco a propósito da reposição dos cortes à função pública contradizendo na prova oral o que tinha lido na prova escrita. Aí a bancada socialista terá acordado estremunhada. 

O sr. Ferro Rodrigues, líder da bancada parlamentar do PS confirmou o que já foi dito: mostrava-se inseguro, impreparado, constrangido como quem está a cumprir um frete. Ao seu lado, levantava-se Vieira da Silva, mais exaltado do que preciso, não sei se para compensar a tibieza do líder se para tirar alguma pedra do sapato, ou uma coisa e outra. 

Mais tarde, na "Quadratura do Círculo", onde  o sr. António Costa persiste em manter o seu canto, tanto quanto possível calado, o sr. Pacheco Pereira interpelou-o com a pergunta óbvia: Diga lá, António, o que é que afinal o PS fará quando for Governo: repõe ou não repõe os cortes feitos à função pública? O Passos Coelho garante que, com ele como primeiro-ministro,  a reposição se vai fazer à razão de 20% ao ano, de modo que lá para 2019 estarão a ganhar o que ganhavam em 2010. Ora, se o PS não diz agora o que pensa, parece mais encalhado que no tempo do Seguro.

Aí o sr. António Costa esboçou aquele seu meio sorriso, meio compasso de espera, e disse nada: o PS está ainda em fase de transição, as eleições directas serão a 22 de Novembro, por enquanto discute-se o OE na generalidade, depois se verá.

Entretanto, a luta do sr. António Costa é a reposição do horário de trabalho da função pública para as 35 horas semanais. Mas esse ponto não entrou na "Quadratura do Círculo", pelo menos até à altura em que desliguei o aparelho.
---
Correl. - (31/10)  aqui : "Depois de António Costa ter vindo esclarecer, na Quadratura do Círculo, que o PS pretende fazer a reposição integral de salários "tão rápida quanto possível", a deputada socialista Ana Catarina Mendes garantiu esta manhã que a reposição será mesmo feita em 2016."

Indícios de que o PS está mesmo em fase de transição. Até quando? Talvez Ana Catarina Mendes saiba responder.
---
Aliás, começou
 assim

Monday, October 31,  2005

OBVIAMENTE POLITICAMENTE INCORRECTO

Comentários a "Quadratura do Círculo"

Para mim é óbvio:

1º. Que Durão Barroso aceitou o cargo porque este é mais aliciante e menos problemático do que o que aqui detinha; o interesse de Portugal é, obviamente, secundário. Santer foi uma grande honra para o Luxemburgo? Prodi foi uma grande honra para a Itália? Não foram.

2º. Que o Bloco de Esquerda se bate por eleições antecipadas porque, muito provavelmente, verá crescer o seu número de votantes; poderá aspirar, então, a fazer uma perninha num governo liderado pelo PS;

3º. Que o Partido Comunista também pretende eleições antecipadas porque, deste modo, repescará alguns eleitores que se esqueceram de votar para as europeias;

4º. Que o Partido Socialista diz querer eleições antecipadas, porque não pode dizer outra coisa. Ferro Rodrigues tem nas eleições antecipadas uma ocasião única para se manter na corda bamba, se as ganhar. Mas nem todos no PS estão desse lado. Dizem que estão, mas não estão. Daí as dificuldades experimentadas por José Magalhães aos desafios de Pacheco Pereira; mas o PS (consciente) sabe que a situação económica do País vai continuar apertada e que o problema imediato não é o deficit, mas, muito prosaicamente, a falta de dinheiro. Sim, porque a Durão sorriu o penacho quando continuam a aumentar imparavelmente os credores;

5º. Que o PP/CDS quer que Santana Lopes seja Primeiro-Ministro, porque correria o risco de desaparecer no caso de eleições antecipadas; a beijar as varinas e feirantes, Santana Lopes baterá Paulo Portas folgadamente. Percebe-se o constrangimento de Lobo Xavier: tem (ele o lembrou) responsabilidades partidárias;

6º. Que o PPD/PSD diga querer formar novo governo com Santana Lopes a chefiá-lo,é uma simulação inevitável. Não poderiam, obviamente, dizer outra coisa politicamente correcta porque: - A Santana Lopes convêm as eleições: se as ganha, ninguém mais o segura. Terá um problema gordo, contudo: onde ir buscar fundos para distribuir pelos apoiantes, a começar pelo incontornável A. J. Jardim. Mas fará tudo para se auto nomear candidato a PR e até entregará, oportunamente, a chefia do governo a um vice qualquer para que as eleições presidências sejam “o mais isentas possível”; - Se não ganhar as legislativas, mas perder à tangente (melhor cenário para PSL), Santana Lopes é Presidente do PPD/PSD, pelo menos, até ganhar ou perder as eleições presidenciais; - Se não ganhar as legislativas, mas não perder por maior diferença que a observada nas eleições europeias (seria difícil fazer pior) será Presidente do PSD/PSD e candidato às presidenciais;

7º. Que Pacheco Pereira favoreça a hipótese de eleições antecipadas percebe-se, se atendermos à sua posição neste contexto. Pacheco Pereira é, nestas circunstâncias, o homem que não trouxe a máscara para o baile. E, por isso, destoa.

8º. Que o País está ameaçado por uma santanice aguda, são os receios de muito boa gente. Terapêutica: vacina. Se PSL for chefe de governo até se candidatar às presidenciais (outro primeiro ministro por ele proposto não o alijaria de responsabilidades) ou se espalha (hipótese muito provável) o País sofre, mas o País cura-se; ou se transcende (hipótese muito pouco provável) o País restaura-se. Venha a vacina, portanto.

9º. Que se o PR continuar hesitante, PSL ultrapassa-o pela esquerda e pede, ele próprio, eleições antecipadas;

10º. Tudo o resto são as habituais confusões dos constitucionalistas e outros homens de leis: precisam delas como os médicos da nossa pouca saúde."

No comments: