Tuesday, November 22, 2011

O ARTÍFICE DO FOGO

Caro ZP,

(Antes de mais) há um aspecto, relevante, ( ): o festival de luzes e fogo-de-artifício foi adjudicado por ajuste directo a uns compadres do AJJ depois de ter sido anulado o concurso na sequência de reclamações feitas por outros concorrentes. O Tribunal de Contas deverá daqui a três anos (?) dizer o mesmo e o AJJ continuará a fazer o que lhe der na real gana sem que haja quem tenha a coragem de o por em sentido.

Mas vamos ao retorno do festival.

( ) " a Madeira e o seu buraco ficarão bem piores se as receitas com o turismo caírem. Quem não percebe isto, não percebe nada.Mas, repito, é preciso ver se o negócio é bom."

Em que ficamos: O negócio é bom porque ... ou é preciso ver se o negócio é bom?
É uma questão de matemática, (diz você) pois é, mas antes disso é preciso conhecer as parcelas. Conhece?

A Madeira, como sabe, tem um endividamento público insuportável sem medidas de excepção que, se não forem suportadas pelos madeirenses, terão de ser pagas por si, por mim, etc. AJJ, segundo notícias divulgadas hoje elevou as despesas de investimento em mais de 100% no último trimestre (vd aqui) sempre ao arrepio do que a situação crítica do país exige, e depois ter confessado que, propositadamente, enganou o governo da República e os portugueses.

É neste contexto que o AJJ anula um concurso e faz uma adjudicação directa a uns compadres invocando os interesses do turismo madeirense.

Quem é que o pode contestar fazendo contas? Ninguém. O Tribunal de Contas levará três anos, mas o ZP se as fizer em três minutos já não vai a tempo porque a empreitada já foi adjudicada e os trabalhos já arrancaram.

Há uma solução rápida e eficaz, que, no entanto ninguém toma, porque não há coragem para tanto neste país de (qualifique você). Uma solução simples que consistiria em fazer pagar aos benificiários do festival os custos do mesmo: os hoteis, os restaurantes, as lojas, o comércio em geral. Se fossem eles a pagar facilmente se calcularia o interesse do negócio.

Não sei se estava a pensar nesta hipóteses quando escreveu o seu post.

7 comments:

ATENTO said...

Espanta-me que quem com tanta convicção, muitas vezes sem prova, faz afirmações tão categóricas não seja capaz de facilmente concluir que , no caso de não haver o tradicional reveillon na Madeira, seria expectável uma quebra de ocupação de pelo menos 50% dos cerca de 15000 quartos oferecidos pela hotelaria local.
Considerando uma estada media de 3 dias , um gasto diario da ordem dos 150€ por pessoa , não é dificil concluir que os 3 milhões são mais do que compensados e nem falo na quebra de receitas na TAP e SATA nem nos prejuizos futiros sobretudo em turismo com origem no estrangeiro.
Quanto á demagógica proposta de os custos serem pagos pela hotelaria, restauração e comercio em geral , só lembro que se avançar muito por aí pode ter o efeito perverso de vir a aumentar a proporção da população madeirense que tem o governo regional por patrão.O que certamente não lhe agradaria.
Mas, enfim não é só o Nelson que tem inimigos de estimação.

rui fonseca said...

Obrigado pela atenção.

Contudo, repare que eu não sou contra um grande reveillon na Madeira, o maior de todos, se possível.

O que eu estou contra, frontalmente contra, é o despotismo à solta existente na Ilha que permite ao senhor AJJ e seus compadres fazerem o que querem sem que daí lhe advenham quaisquer penalizações. Sem travões de espécie alguma, o AJJ faz o que quer e manda-nos a conta a casa.

Evidentemente, se os resultados do reveillon forem os que refere não é razoável que sejam os benificiários a pagar os custos porque são eles que arrecadam as receitas?

Imagine que o Estoril decidia fazer um festival de fim de ano igual para promover o Casino e o comércio local. Eu concordo. E o Atento?

Neste caso, quem deveria suportar o risco da promoção? Todos os portugueses?

ATENTO said...

Só direi que difere do Casino porque aqui se trata de uma acção regional e não especificamente promovida por uma empresa.Por outro lado esse raciocinio levaria a qualquer acção para fomentar as exportações portuguesas cobrasse das eventuais empresas beneficiarias, uma promoção genérica do Algarve implicaria , porventura , uma taxa a pagar pelos Algarvios, etc, etc
Concordo, contudo , num ponto eles fazem o que querem e a conta chega-nos a casa. Só que nunca o vi referir com tanta veemencia os que originaram as maiores facturas que recebe.

rui fonseca said...

"Só que nunca o vi referir com tanta veemencia os que originaram as maiores facturas que recebe."

Caro Atento,

Não duvido que esteja mais atento que eu.
Mas ao longo destes seis anos que levo de palavras cruzadas não foram poucas as que dediquei ao esbanjamento incontrolado e à inimputabilidade dos responsáveis.

Não é difícil encontrá-las, suponho.

Anonymous said...

Caro Atento
Não sei se posso atrever-me a emiscuir neste debate sobre a Madeira mas como este meio é uma porta aberta por enquanto, arrisco-me a perguntar-lhe se tem estado atento ao destino dado a estas receitas geradas pelo reveillon. Se é dinheiro publico que promove á décadas este evento e se as receitas compensam as despesas suponho que tem visto o resultado de tão boa politica. Como já não vou à Madeira á muito tempo espero que estes anos todos já tenham resolvido pelo menos a pobreza extrema que se verificava na periferia do Funchal e interior da ilha, pois se formos a ter em conta o número de habitantes desta ilha e o dinheiro gasto, a capitação já deve dar uma boa maquia a cada um dos madeirenses. Sem mais um anónimo menos atento.

ATENTO said...

Caro Anonymous,

Só lhe posso aconselhar uma viagem á Madeira já que não vai lá há muito.
E não posso deixar de constatar que tão depressa a Madeira é acusada de " viver á custa do Continente" sendo o seu rendimento médio superior, como de encerrar no seu seio uma pobreza extrema!

rui fonseca said...

"o seu rendimento médio superior, como de encerrar no seu seio uma pobreza extrema!"

Não há incompatibilidade entre as duas afirmações.