Tuesday, November 29, 2011

O TÊCÊ

anda sempre a descobrir coisas.

Mas como qualquer tribunal que se preze o TêCÊ quando descobre, descobre muitos anos depois das coisas terem acontecido. Ontem, deu conta pública que o Estado gastou (mal gastos) mil milhões em 14 empresas públicas durante 16 anos.

O TêCê, desde logo, incorre numa imprecisão grosseira de linguagem, muito comum, aliás, que remete as culpas do desmando para uma entidade abstracta: o Estado. O Estado, senhores juízes do TêCê não gastou nada, porque o Estado não gasta, o Estado é desgastado. Seguramente, alguém gastou, porque mais milhões apareceram gastos, segundo as demoradas contas doTêCê. Mas quem? Não é notícia. Quem decidiu, quem negociou, quem descontrolou, não sabemos. Só sabemos quem pagou.

Fomos este fim-de-semana até à Costa da Caparica, objecto de um projecto "Pólis", um dos tais catorze que o TêCê descobriu ao fim de 16 anos e, mais uma vez, nos revoltámos com o que vimos. Restaurantes pagos pelo "Pólis" são 27, a grande maioria às moscas mesmo no pino do Verão. As casas de banho, instaladas em edificações de luxo, estão fechadas porque têm sido vandalizadas. Os "court de ténis"  estão geralmente disponíveis, apenas os parques infantis têm clientela que as justifica. Num espaço completamente aberto foram colocadas placas sinalizadoras das instalações que toda a gente vê ali ao lado.

A vegetação, que anteriormente preenchia o local,  foi objecto de corte quase total e a falta de manutenção das raras árvores plantadas é rsponsável pela seca de grande parte delas. Entre a área intervencionada e a praia abriram vales nas dunas para acesso às praias mas, contrariamente ao que seria, estética, ecológica e economicamente recomendável, contruiram muralhas em cimento armado que revestiram com espelhos mas que agora são paineis de grafiti de terceiro mundo.

Evidentemente, os juízes do TêCê não são fiscais de obras nem é esperável que passem as férias de Verão nas praias da Costa. Que farão eles para levarem 16 anos a contar mais mil milhões de euros desbaratados em nome do Estado?

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