Thursday, April 14, 2011

À BEIRA DO DELÍRIO

Ouço na Antena 1 que Portugal se encontra à beira de um sonho: colocar hoje três equipas nas meias finais da Taça Europa. E, mais adiante, que o Sporting pretende contratar jogador israelita, um negócio que poderá atingir 1 milhão de dólares. Ouço ainda que o Sporting tem ainda em vista outro jogador, e outro, e  ainda mais outro, e não sei se ainda outros mais.

Tenho ouvido, por outro lado, que o Sporting se encontra insolvente, e está longe de ser caso único no futebol português. E no mundial, mas com os futebóis dos outros podemos bem. 

De onde vem o dinheiro para estas contratações milionárias por parte de clubes claramente falidos? Dos bancos. Como é que se compreende que um país, também à beira da falência, consiga colocar três equipas, na sua grande maioria constituídas por jogadores quase exclusivamente importados? Como é que se compreende que os bancos continuem a financiar estas importações quando a sua liquidez é escassa e só o BCE lhe tem valido?

... "Os gastos do futebol são imensos e democraticamente repartidos por todos, goste-se ou não de futebol ... Em 1997, José Sócrates, então ministro-adjunto do primeiro-ministro António Guterres, com a tutela do desporto, impingiu-nos a realização do Euro 2004, par o qual foram construídos 10 estádio de futebol que custaram 400 milhões de euros. Nada que não se pagasse com a vinda de outros tantos milhões de turistas e que serviria para relançar a economia portuguesa. Não tardou a recompensa pelos serviços prestados à pátria: José Sócrates foi condecorado com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D.Henrique pelo então Presidente da República Jorge Sampaio, que considerou a realização do Euro 2004 um "desígnio nacional". E convém relembrar as palavras do feliz condecaorado: "A construção de dez estádios não é um odioso, é um bem necessário ao país. Portugal tinha de fazer este trabalho." Passados seis anos, o município de Leiria despeja 5 milhões por ano, Aveiro 4, Coimbra cerca de 2, e o consórcio Faro-Loulé mais de 3 milhões. Junte-se o caso do Boavista, com a equipa na III Divisão. Em suma, estas autarquias estoiram quase 20 milhões de euros por ano num problema sem solução à vista. Acrescente-se os custos de segurança para controlar algumas dúzias de energúmenos que espalham violência e vandalismo por onde passam. E o azar de deixar o carro estacionado perto do estádio em dia de dérbi. Sim, o futebol sai mesmo caro.
Teresa Caeiro/Expresso  

Avisem o FMI!

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Act. - Portugal garante uma equipa na final da Liga Europa: Benfica, Braga e Porto. A outra equipa semi-finalista é espanhola. Como interpretarão os outros europeus, chamados a emprestar, os sucessos  de equipas de futebol a jogarem em países financeiramente fragilizados? A mesma que nós, contribuintes, sentimos quando sabemos da utilização do nosso dinheiro no financiamento destes e doutros clubes. 

2 comments:

aix said...

Se não errei as contas, dos 33 jogadores que iniciaram os jogos só 8 eram lusos(Benfica 2, Braga 4 e Porto 2).Como nas relações comerciais importamos mais do que exportamos. Ora como a 'matéria prima' futebolística estrangeira é mais cara os clubes devem nadar em dinheiro.Em breve precisarão de um FMI.

rui fonseca said...

"Em breve precisarão de um FMI."

Caríssimo Francisco,

Continua a loucura e os bancos estão entre os mais culpados de tudo isto.

Pelos vistos, continuam. Até nos fabulosos rendimentos que os administradores atribuem a si próprios. Sem que lhes cortem as vasas.