Saturday, September 04, 2010

O PROCESSO DA ARTE CONTEMPORÂNEA

A propósito de uma polémica entre Pacheco Pereira, que catalogou a arte contemporânea como expressão em "culturalês" de um mundo que funciona em circuito fechado e onde o discurso do artista ao apresentar o seu espectáculo mostra uma vacuidade flagrante, uma cristalização idiomática que se insere numa espécie de esperanto do mundo da cultura e da arte, e António Pinto Ribeiro, que acusa PPereira de desconhecimento e de suspeita preconceituosa relativamente à arte contemporânea, identificando aí uma tipificada atitude estética-ideológico passadista e decadente,  

António Guerreiro, em artigo publicado hoje no Expresso/Actual, de onde resumi para o parágrafo anterior, é conciliador, afirmando, nomeadamente,

"Como se pode então avaliar esta arte que não tem qualquer referência ao sensus communis que determinava os critérios do juízo estético? Eis, em versão culta, a pergunta tantas vezes repetida em versão profana ("tudo pode ser arte"), da qual se passa para a versão diametralmente diabolizante: se tudo pode ser arte, a arte não tem sentido e é uma merda. Esta metáfora da arte como "merda" tornou-se um leitmotiv de largo uso, como mostrou Marc Jimenez  (em "La querelle de l´art contemporain"), e foi inaugurada em registo auto reflexivo com o trabalho do artista italiano Piero Manzoni, que em 1961 apresentou a sua "Merda de Artista" em latas de conserva."*

E, mais adiante,

" Tomando esta controvérsia como exemplo e o modo como se desenvolveu, percebemos que o discurso de Pacheco Pereira não pode ser meramente reduzido à emanação de um "mundo decadente" ao qual podem, ironicamente aconselhar umas leituras para o devido aggiornamento. As questões colocadas pela resistência à arte contemporânea (que, de resto não é novidade: a preocupação intransigente de autonomia, própria da arte moderna, manifestou-se pela recusa em responder à expectativa do público) e pelas controvérsias que provoca são mais complexas.

......
*vd aqui

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