Sunday, September 12, 2010

CASA ARROMBADA

As dificuldades no endividamento externo preocupam o actual governador do Banco de Portugal
                              
Pena é que no Banco de Portugal não se tenha pensado no assunto antes. Agora é tarde e a margem de manobra, se alguma existe, estreita.  

Segundo noticia o Público, na semana passada, responsáveis do sector financeiro nacional confirmaram que o Banco de Portugal enviou aos bancos uma carta em que é solicitada a apresentação dos planos de diversificação de fontes de financiamento das instituições. Em vésperas da discussão do Orçamento do Estado para 2011, o BdP quer garantir que, com os mercados a penalizar o acesso ao crédito externo por parte dos agentes económicos portugueses e com o BCE a preparar a retirada das medidas de apoio extraordinárias ao sistema financeiro, os bancos nacionais estão já a encontrar alternativas no acesso aos fundos.

Onde? É complicado. Se não fosse não teriam chegado à situação a que chegaram. Em grande medida, por culpa própria, aliás.
Agora que o sistema voltou a uma situação de desconfiança na dívida soberana, os bancos credores são, obviamente, atingidos em cheio. Que alternativas de acesso poderão existir se o BCE quer retirar-se e a desconfiança do sistema financeiro se mantém? Aumento dos capitais próprios? Ou encosto aos credores?

Em todo o caso há pelo menos uma medida que há muito se impõe: a de reduzir o financiamento das importações, públicas e privadas. Estarão os bancos disponíveis, agora, para desviar o financiamento das importações para as actividades produtoras de bens e serviços transaccionáveis nacionais? Ou continuarão obcecados nas margens de negócios que mais tarde ou mais cedo têm de fatalmente acabar por secura extrema?

Faz algum sentido, por exemplo, que os bancos continuem a financiar a compra de automóveis (durante o primeiro semestre deste ano a venda de automóveis novos cresceu 57% relativamente a igual período do ano passado, o melhor registo do sector observado na União Europeia ) quando o endividamento externo do País atinge valores incontroláveis?

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